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nem suspeita que com um conjunto de risquinhos se possa fazer o mes-
mo” (GROSSI, 1990, p. 33). Na hipótese pré-silábica, primeiramente,
a criança acredita que tudo é uma representação gráfica. Posteriormen-
te, ela vai abandonando de seu traçado os aspectos figurativos e começa
a distinguir o desenho, a letra e o número. Ela ainda não compreende a
relação entre a fala e a escrita. Isto é, não percebe que as letras estão rela-
cionadas ao som da palavra, mas começa a fazer hipóteses de representa-
ção escrita com traços, ainda sem formato definido (garatuja). A crian-
ça identifica a relação do som com a representação da palavra e pensa
que palavras diferentes são escritas com letras diferentes. Neste nível,
as letras, as palavras, as frases, os textos não são claramente definidos e
seus significados são misturados. Assim, é necessário trabalhá-los todos
simultaneamente, para que a criança se familiarize com eles e comece a
delinear a distinção entre a imagem gráfica e o código linguístico.
• Hipótese silábica, que se subdivide em:
1. Silábica não-sonora: “A hipótese silábica pode aparecer tanto
com grafias ainda distantes das formas das letras como com grafias
bem diferenciadas. Neste último caso, as letras podem ou não ser
utilizadas com um valor sonoro estável” (FERREIRO; TEBE-
ROSKY, 1999, p. 209). A criança começa a perceber a segmen-
tação da palavra, utilizando quantas letras cada sílaba tem. No
entanto, ainda não faz a relação da letra com o som, ela está na hi-
pótese silábica sem valor sonoro e, a partir desse período, precisará
ser estimulada a perceber que cada letra registra um som.
2. Silábica sonora: “A criança passa por um período da maior im-
portância evolutiva: cada letra equivale a uma sílaba. É o surgi-
mento da hipótese silábica” (FERREIRO; TEBEROSKY, 1999,
p. 209). A criança inicia a correspondência entre a quantidade de
letras e a quantidade de partes de palavras que devem ser escri-
tas. Escreve-se uma letra para representar cada sílaba da palavra,
percebendo os vários sons contidos nas sílabas. No momento em
que a criança começa a pensar que cada letra constitui uma sílaba,
inicia-se a hipótese silábica com valor sonoro. Quando há relação
fonográfica, a criança começa a compreender que a representação
escrita, ligada ao sistema alfabético de escrita, deve centrar-se na
pauta sonora das palavras.
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