Page 16 - Diretrizes Curricularespara Produção Textual
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realiza pelo uso efetivo, respeitando-se níveis conceituais diversificados, pe-
los quais passam o sujeito que aprende. Alfabetizar, nessa perspectiva, deixa
de ser um ato mecânico, mas um processo ativo, em que aquele que aprende
reflete e age sobre a leitura e a escrita. Ferreiro e Teberosky (1999) deixam
claro que o educando deve reconstruir uma relação entre linguagem oral e
escrita para se alfabetizar. Alfabetizar, entre outros domínios envolvidos, é
progredir no domínio fonético-fonológico, é caminhar para uma “corres-
pondência termo a termo” entre as unidades/elementos da palavra falada e
escrita. Mas é também fazer associações, estabelecer sentidos e correlacioná-
-los às especificidades da vida.
Letramento, conforme Soares (1999, p. 47), “é o estado ou condição de
quem não apenas sabe ler e escrever, mas cultiva e exerce as práticas sociais
que usam a escrita”. Um indivíduo alfabetizado não é necessariamente um
indivíduo letrado, pois ser letrado implica não somente em utilizar social-
mente a leitura e a escritura, mas também em responder às demandas sociais
de leitura e de escrita. Portanto, o desejável é que o estudante seja alfabetiza-
do na perspectiva do letramento.
A construção da leitura e da escrita, fundamentada em Emília Ferreiro e
Ana Teberosky (1999), direciona a uma mudança de paradigma no eixo da
investigação do “como se ensina” para o “como se aprende” a ler e a escrever.
O estudante era visto como um ser passivo em suas aprendizagens na escola.
Após essa mudança de paradigma, o aluno passa a ser visto e valorizado
como um sujeito ativo, cognoscente, protagonista de suas aprendizagens.
Ele tem competências e habilidades que precisam ser exploradas, uma vez
que é o sujeito do conhecimento.
Vale destacar que é preciso que o estudante esteja em contato permanen-
temente com a escrita, que pense, reflita, raciocine, arrisque-se, verbalize
hipóteses para construí-la. Ele necessita ser estimulado à escuta, à fala, à
leitura e à escrita de textos para descortinar o que a escrita representa.
Na aquisição da língua escrita, o estudante constrói algumas hipóteses. São
elas:
• Hipótese pré-silábica: “Antes que a criança compreenda a possibilida-
de de que as letras possam ter algum vínculo com a expressão de alguma
realidade, isto é, que as letras possam dizer algo, ela faz experiências de
ler a realidade em desenhos, gravuras e fotos, ou seja, em imagens grá-
ficas. Ela associa as imagens à capacidade de expressar aspectos do real e
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