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realiza pelo uso efetivo, respeitando-se níveis conceituais diversificados, pe-
          los quais passam o sujeito que aprende. Alfabetizar, nessa perspectiva, deixa
          de ser um ato mecânico, mas um processo ativo, em que aquele que aprende
          reflete e age sobre a leitura e a escrita. Ferreiro e Teberosky (1999) deixam
          claro que o educando deve reconstruir uma relação entre linguagem oral e
          escrita para se alfabetizar. Alfabetizar, entre outros domínios envolvidos, é
          progredir no domínio fonético-fonológico, é caminhar para uma “corres-
          pondência termo a termo” entre as unidades/elementos da palavra falada e
          escrita. Mas é também fazer associações, estabelecer sentidos e correlacioná-
          -los às especificidades da vida.
          Letramento, conforme Soares (1999, p. 47), “é o estado ou condição de
          quem não apenas sabe ler e escrever, mas cultiva e exerce as práticas sociais
          que usam a escrita”. Um indivíduo alfabetizado não é necessariamente um
          indivíduo letrado, pois ser letrado implica não somente em utilizar social-
          mente a leitura e a escritura, mas também em responder às demandas sociais
          de leitura e de escrita. Portanto, o desejável é que o estudante seja alfabetiza-
          do na perspectiva do letramento.
          A construção da leitura e da escrita, fundamentada em Emília Ferreiro e
          Ana Teberosky (1999), direciona a uma mudança de paradigma no eixo da
          investigação do “como se ensina” para o “como se aprende” a ler e a escrever.
          O estudante era visto como um ser passivo em suas aprendizagens na escola.
          Após essa mudança de paradigma, o aluno passa a ser visto e valorizado
          como um sujeito ativo, cognoscente, protagonista de suas aprendizagens.
          Ele tem competências e habilidades que precisam ser exploradas, uma vez
          que é o sujeito do conhecimento.
          Vale destacar que é preciso que o estudante esteja em contato permanen-
          temente com a escrita, que pense, reflita, raciocine, arrisque-se, verbalize
          hipóteses para construí-la. Ele necessita ser estimulado à escuta, à fala, à
          leitura e à escrita de textos para descortinar o que a escrita representa.
          Na aquisição da língua escrita, o estudante constrói algumas hipóteses. São
          elas:
          •   Hipótese pré-silábica: “Antes que a criança compreenda a possibilida-
              de de que as letras possam ter algum vínculo com a expressão de alguma
              realidade, isto é, que as letras possam dizer algo, ela faz experiências de
              ler a realidade em desenhos, gravuras e fotos, ou seja, em imagens grá-
              ficas. Ela associa as imagens à capacidade de expressar aspectos do real e




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