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Para a perspectiva sociointeracionista, o ensino da Língua Portuguesa deve
estar associado ao exercício de uma forma específica de interação social
por meio da linguagem. Nesse sentido, escuta, oralidade, leitura, análise
linguística e produção de textos constituem o centro do trabalho pedagó-
gico, e o texto será a base do estudo, tendo em vista a sua materialização nas
práticas de leitura e de escrita, ou práticas de linguagem. A partir do texto,
de suas práticas de leitura e de escrita, ou práticas de linguagem, podem ser
entendidos os gêneros textuais.
De acordo com Marcuschi (2008), “O texto pode ser tido como um tecido
estruturado, uma entidade significativa, uma entidade de comunicação e
um artefato sócio-histórico. De certo modo, pode-se afirmar que o texto
é uma (re)construção de mundo e não uma simples refração ou reflexo”, e,
ainda, de acordo com esse mesmo autor, “a comunicação verbal só é possível
por algum gênero textual” (MARCUSCHI, 2002, p. 22).
Os gêneros textuais privilegiam uma noção de língua como atividade social,
histórica e cognitiva, enfatizando a questão funcional e interativa, porém
não abandonam o seu aspecto formal e estrutural. Estes aspectos funcionam
como elementos organizadores do texto e, muitas vezes, determinam o gê-
nero em questão.
Os conteúdos nucleares produzem e são produzidos no desdobramento dos
objetos de estudo: texto e gêneros textuais. Nesse cenário, as aprendizagens
para o desenvolvimento das competências permitem o estabelecimento dos
conteúdos fundamentais a serem priorizados. Assim, as competências con-
sideradas essenciais para as aprendizagens dos estudantes orientam a defini-
ção, seleção e delimitação dos conteúdos, “[...] já que estes não são mais de-
finidos a partir de um corpo de conhecimentos disciplinares existentes, mas
sim a partir das situações em que podem ser utilizados e mobilizados com o
objetivo de se construir as competências [...]” (COSTA, 2005, p. 54).
Nesse contexto, os conteúdos nucleares não devem ser entendidos apenas
no conjunto de suas propriedades, mas na relação com os outros conteúdos,
potencializando o sentido e o significado do processo de construção do
conhecimento, por meio do desenvolvimento de competências, visando,
principalmente, à inserção dos estudantes em diferentes contextos culturais
e sociais, de forma integrada às situações cotidianas e às possibilidades de
significar e atuar no mundo. Soares (1998) corrobora com isso ao postular
que letramento é o indivíduo estar inserido cotidianamente nas práticas
sociais de leitura e de escrita; é o indivíduo apropriar-se da escrita e torná-la
própria, isto é, assumir-se como autor de seus textos.
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