Page 13 - Diretrizes Curricularespara Produção Textual
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Para a perspectiva sociointeracionista, o ensino da Língua Portuguesa deve
                    estar associado ao exercício de uma forma específica de interação social
                    por meio da linguagem. Nesse sentido, escuta, oralidade, leitura, análise
                    linguística e produção de textos constituem o centro do trabalho pedagó-
                    gico, e o texto será a base do estudo, tendo em vista a sua materialização nas
                    práticas de leitura e de escrita, ou práticas de linguagem. A partir do texto,
                    de suas práticas de leitura e de escrita, ou práticas de linguagem, podem ser
                    entendidos os gêneros textuais.
                    De acordo com Marcuschi (2008), “O texto pode ser tido como um tecido
                    estruturado, uma entidade significativa, uma entidade de comunicação e
                    um artefato sócio-histórico. De certo modo, pode-se afirmar que o texto
                    é uma (re)construção de mundo e não uma simples refração ou reflexo”, e,
                    ainda, de acordo com esse mesmo autor, “a comunicação verbal só é possível
                    por algum gênero textual” (MARCUSCHI, 2002, p. 22).
                    Os gêneros textuais privilegiam uma noção de língua como atividade social,
                    histórica e cognitiva, enfatizando a questão funcional e interativa, porém
                    não abandonam o seu aspecto formal e estrutural. Estes aspectos funcionam
                    como elementos organizadores do texto e, muitas vezes, determinam o gê-
                    nero em questão.
                    Os conteúdos nucleares produzem e são produzidos no desdobramento dos
                    objetos de estudo: texto e gêneros textuais. Nesse cenário, as aprendizagens
                    para o desenvolvimento das competências permitem o estabelecimento dos
                    conteúdos fundamentais a serem priorizados. Assim, as competências con-
                    sideradas essenciais para as aprendizagens dos estudantes orientam a defini-
                    ção, seleção e delimitação dos conteúdos, “[...] já que estes não são mais de-
                    finidos a partir de um corpo de conhecimentos disciplinares existentes, mas
                    sim a partir das situações em que podem ser utilizados e mobilizados com o
                    objetivo de se construir as competências [...]” (COSTA, 2005, p. 54).
                    Nesse contexto, os conteúdos nucleares não devem ser entendidos apenas
                    no conjunto de suas propriedades, mas na relação com os outros conteúdos,
                    potencializando o sentido e o significado do processo de construção do
                    conhecimento, por meio do desenvolvimento de competências, visando,
                    principalmente, à inserção dos estudantes em diferentes contextos culturais
                    e sociais, de forma integrada às situações cotidianas e às possibilidades de
                    significar e atuar no mundo. Soares (1998) corrobora com isso ao postular
                    que letramento é o indivíduo estar inserido cotidianamente nas práticas
                    sociais de leitura e de escrita; é o indivíduo apropriar-se da escrita e torná-la
                    própria, isto é, assumir-se como autor de seus textos.


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