Page 21 - Diretrizes para Produção Textual - 2ª Edição
P. 21
Finalmente, a noção de suporte já citada refere-se ao locus físico ou virtual com formato espe-
cífico, que serve de base ou ambiente de fixação do gênero materializado como texto. Numa
definição sumária, pode-se dizer que suporte de um gênero é uma superfície física em formato
específico que suporta, fixa e mostra um texto (MARCUSCHI, 2002, p. 11). O suporte mais tradi-
cional é a folha de papel. Atualmente, a tela de computador tornou-se o mais comum, mas, em
tese, qualquer superfície pode ser um suporte: o guardanapo que anota um número de telefone,
a carteira que recebe os desenhos do estudante distraído ou mesmo o corpo humano, quando
tatuado, recebem a alcunha de suporte textual.
Há, portanto, suportes acidentais e outros que se estabelecem como suporte legítimo para a
circulação de determinados gêneros, devido à visibilidade e à facilidade de acesso, como as
embalagens que veiculam propagandas, o para-choque do caminhão com recados ou ditados
populares ou os muros da cidade, preferidos para o grafite.
A relação entre o gênero e o suporte não é neutra, pois há casos em que o suporte delimita o gênero.
Uma mesma mensagem mudará de gênero conforme o suporte que o veicula. Veja o exemplo:
“Paulo, te amo, me ligue o mais rápido que puder. Verônica.”
Se esses dizeres forem afixados num post-it, na geladeira do casal, serão considerados um bilhete;
serão um recado se deixados na caixa-postal; se grafados num painel de grandes dimensões, à
beira de uma rodovia, serão um outdoor.
Nesse sentido, promover o contato, a leitura e a produção dos gêneros em seus suportes de origem
auxiliam o estudante a compreender criticamente as relações entre os interlocutores nas diversas
esferas comunicativas e a função social dos diferentes gêneros em práticas situadas de letramento.
Os gêneros textuais trabalhados em cada ano/série, por segmento, estão elencados na última
versão das Matrizes Curriculares de Educação Básica do Brasil Marista de Linguagens. Para a
seleção do gênero de referência, deve-se observar o disposto no material didático, as recor-
rências em provas de larga escala e as habilidades prioritárias apontadas no Plano de Ação de
Resultados Acadêmicos da unidade. É de competência do coordenador de Área de Linguagens ,
5
em diálogo com os docentes, sob a supervisão da Vice-Direção Educacional, a definição dos
gêneros de referência no Planejamento Anual Docente. Vale lembrar que, ao longo da Educação
Básica, observa-se, ainda, a recursividade no trabalho com os gêneros, para os quais as estraté-
gias aplicadas deverão potencializar as habilidades desenvolvidas em anos anteriores, de modo
a gerar uma progressão de aprendizagem do objeto do conhecimento em questão.
2.3. Modalidade e multimodalidade
Considerando a perspectiva da língua como um sistema abstrato, como um mecanismo
interno ao indivíduo, a noção de modalidade se refere aos modos de representação (externa)
da língua. Assim, a fala se constitui como uma representação fônica da língua, enquanto
a escrita é uma representação gráfica. Por sua vez, as línguas de sinais são representações
gestuais/corporais da língua.
5 Na ausência da Coordenação de Área, a Coordenação Pedagógica deverá articular o diálogo com os docentes para a definição dos
gêneros de referência no Plano Anual Docente.
Diretrizes para Producao Textual - 2 Edição 21
a