Page 20 - Diretrizes para Produção Textual - 2ª Edição
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perfil de leitores, muito mais ativos e participativos, na medida em que optam por determina-
das trilhas de leitura e buscam roteiros, guiados não só pelas sugestões da internet, mas tam-
bém conforme os próprios interesses e as próprias expectativas. Outrossim, os gêneros digitais
estabeleceram um novo perfil de autores, em que a produção colaborativa e a distribuição em
massa tornam-se cada vez mais comuns e necessárias. A construção da argumentação de-
pende, em grande parte, da fundamentação em referências sólidas, o que requer do estudante
repertório, maturidade e responsabilidade para checar e distinguir fontes legítimas em meio à
imensidão de informações disponíveis na rede. A prática de pesquisa na internet, contudo, não
se limita à busca de informações, mas inclui, não raro, a síntese e a sistematização de dados e
informações, por meio da produção de textos modais e multimodais, pois a avaliação acerca
do conteúdo pesquisado e das fontes de consulta/pesquisa é o ponto de partida para que tais
conteúdos sejam ressignificados (apropriados) ao passarem pelo processo de retextualização.
A noção de gênero textual, não raro, se confunde com a de tipo textual, o que pode trazer equí-
vocos não somente conceituais, mas, sobretudo, refletir numa prática que descaracteriza a
essência dos eventos e das situações comunicativas como elas, de fato, acontecem.
Como vimos, a comunicação não se efetiva por tipos, mas por gêneros. Gêneros e tipos se
distinguem especificamente em três aspectos centrais: enquanto os tipos são caracterizados
por propriedades linguísticas, constituem sequências (e não textos empíricos) e formam um
conjunto finito, os gêneros caracterizam-se por propriedades sociocomunicativas, materia-
lizam-se em textos empíricos (ultrapassando a noção de sequência) e formam um conjunto
teoricamente infinito. Daí que os tipos textuais possíveis se restringem a cinco: narrativo,
descritivo, expositivo, argumentativo e injuntivo.
Cada tipo expressa uma série de aspectos linguísticos (lexicais, sintáticos, morfológicos etc.)
que tornam possível o seu reconhecimento. O tipo narrativo, por exemplo, se caracteriza pela
presença de tempos verbais pretéritos, advérbios e locuções adverbiais de tempo e modo, es-
senciais para a construção e a condução da narrativa. Já o tipo injuntivo se caracteriza pelos
verbos no imperativo e por sentenças breves e na ordem direta, configurando comandos ao
leitor. Por sua vez, o tipo argumentativo se caracteriza, sobretudo, pelo apoio em conjunções e
conectores que remetem à lógica do pensamento do autor.
Figura 7 – Tipos e gêneros textuais
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