Page 54 - Diretrizes para Educação Infantil
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Nessa perspectiva, os espaçotempos da Educação Infantil marista privilegiam
                      um currículo que respeite a criança, seu desenvolvimento como sujeito socio-
                      -histórico, valorize a investigação e a construção de hipóteses, que desenvolva
                      sua identidade social e que tenha como defesa a proposta de uma educação evan-
                      gelizadora. Nesse sentido, constrói-se um currículo que “dialoga com o conceito
                      de evangelização que, tendo como princípio a inculturação, se consolida na vida
                      humana e se concretiza na cultura”. (UMBRASIL, 2016, p.66)
                      As práticas pedagógicas que estão presentes no cotidiano da Educação Infantil
                      devem beber na fonte de um currículo dialógico, aberto, baseado nas experiências,
                      interações e brincadeiras. O planejamento da rotina cotidiana, as escolhas das
                      atividades, as vivências que serão permitidas aos estudantes devem dialogar com
                      esta nova perspectiva de currículo dinâmico, que integra os diversos campos de
                      experiências, criando novas oportunidades de desenvolvimento.


                      4.1. Campos de experiências e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento
                      O currículo da Educação Infantil indica que as práticas pedagógicas devem estar
                      voltadas para o conjunto de experiências que colocam a criança no centro do
                      projeto educativo, como protagonistas no seu modo singular de fazer, agir e
                      pensar. Mas o que vem a ser experiência?
                      A experiência é aquilo que se experimenta, prova-se, que transforma o sujeito.
                      Larosa (2002) diz que é aquilo que nos toca, nos passa, nos acontece. Essas vivên-
                      cias sensibilizam o sujeito, abrem as portas da experimentação, transformam as
                      percepções do ambiente ao seu redor e criam possibilidades de aprendizagens.
                      Fochi (2015) nos lembra, considerando o pensamento do filósofo Dewey, que:
                                  uma experiência, no sentido deweyano, envolve a capacidade
                                  de fazer refletir ou, dada a sua característica de continuidade,
                                  o modo como vivemos, as situações que enfrentamos, a nossa
                                  troca aberta com tudo aquilo que nos rodeia faz as experiências
                                  vividas provocarem transformações no ambiente e também no
                                  próprio sujeito. (FOCHI, 2015, p. 222)
                      As experiências partem das relações que as crianças estabelecem com seus pares,
                      com os adultos e com o mundo no seu cotidiano. Por meio dessa convivência
                      significativa com o outro e da forma como se porta em seu meio social, a criança
                      tem a oportunidade de expressar seus saberes – frutos de experiências concretas
                      da vida cotidiana – e articulá-los com todo o repertório de conhecimentos que
                      fazem parte do cultural, artístico, científico e tecnológico, e estão presentes nas
                      experiências educativas. (Parecer CNE/CEB nº 20/09)
                      Dessa forma, as crianças estarão imersas em diversas situações de aprendizagem,
                      com oportunidades de se transformarem como sujeitos e de construírem novos
                      conhecimentos, afetando assim a maneira pela qual estabelecem as relações
                      com os outros, brincam e se expressam. Subentende-se, portanto, que o sujeito



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