Page 50 - Diretrizes para Educação Infantil
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Dos direitos de aprendizagem e desenvolvimento, emergem os campos de
experiências, que são entendidos como “um arranjo curricular que acolhe as
situações e as experiências concretas da vida cotidiana das crianças e seus saberes,
entrelaçando-os aos conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural”.
(BRASIL, 2017, p. 40)
Ancorados na organização proposta pela DCNEI de promover as aprendizagens e
o desenvolvimento das crianças da Educação Infantil a partir do eixo das interações
e brincadeiras, cinco campos de experiências foram propostos: o eu, o outro
e o nós; corpo, gestos e movimentos; traços, sons, cores e formas; escuta,
fala, pensamento e imaginação; espaços, tempos, quantidades, relações e
transformações.
A proposta de organização em campos de experiências transpõe a perspectiva
de organização curricular segmentada em disciplinas ou áreas de conhecimento
herdadas da dinâmica do Ensino Fundamental. O trabalho pedagógico será
desenvolvido a partir das conexões e inter-relações que os campos de experiências
possibilitam, com o objetivo de estabelecer aprendizagens significativas que
considerem os saberes das crianças.
Assim, os campos de experiências apontam para a imersão
da criança em situações nas quais ela constrói noções, afetos,
habilidades, atitudes e valores, construindo sua identidade.
Eles mudam o foco do currículo da perspectiva do professor
para a da criança, que empresta um sentido singular às situações
que vivencia à medida que efetiva aprendizagens. (BRASIL,
2018a, p. 10)
Em cada campo de experiências, são definidos objetivos de aprendizagem e
desenvolvimento, que compreendem “tanto os comportamentos, habilidades
e conhecimentos quanto vivências que promovem aprendizagens e desenvol-
vimento” (BNCC, 2017, p. 42) mantendo como eixo norteador as interações e
brincadeiras. Eles são organizados em três grupos por faixa etária: bebês (de 0 a 1
ano e 6 meses), crianças bem pequenas (de 1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses) e
crianças pequenas (de 4 anos a 5 anos e 11 meses).
A divisão dos grupos por faixa de idade foi tema de diversos diálogos e reflexões na
época da construção da BNCC, por remeter a uma perspectiva mais voltada para a
psicologia do desenvolvimento de caráter piagetiano, que tem como foco a classi-
ficação em estágios de desenvolvimento. Por esse motivo, a BNCC foi específica em
mencionar que “esses grupos não podem ser considerados de forma rígida, já que
há diferenças de ritmo de aprendizagens e no desenvolvimento das crianças que
precisam ser consideradas na prática pedagógica”. (BNCC, 2017, p. 42)
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