Page 40 - Diretrizes para Educação Infantil
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gica necessária para o desenvolvimento de sua turma. E também estar aberto para
acolher aquilo que os estudantes têm para ensinar. Para Paulo Freire, o ensinar e o
aprender se constituem como uma relação dinâmica, dialógica, na qual “quem
ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender”. (FREIRE, 1996, p. 23)
Nesse sentido, a intenção de tomar o educar e o cuidar como indissociáveis
fortalece a compreensão de que a centralidade do trabalho pedagógico está no
estudante. É interessante lembrar o que pontua Kuhlmann (1999, p. 60):
A caracterização da instituição de Educação Infantil como lugar
de cuidado-e-educação adquire sentido quando segue a perspec-
tiva de tomar a criança como ponto de partida para a formulação
das propostas pedagógicas. Adotar essa caracterização como se
fosse um dos jargões do modismo pedagógico esvazia seu sentido
e repõe justamente o oposto do que se pretende. A expressão
tem o objetivo de trazer à tona o núcleo do trabalho pedagógico
consequente com a criança pequena. Educá-la é algo integrado
ao cuidá-la (grifo do autor). (KUHLMANN, 1999, p. 60)
Assim, para que se desenvolva um trabalho educacional de qualidade, que tenha o
estudante como protagonista, deve-se garantir a integração do educar, do cuidar,
do brincar e do interagir em uma relação de corresponsabilidade e participação
mútua de todos os envolvidos no processo pedagógico, contribuindo para a
seleção, articulação e geração de experiências que ampliem as possibilidades de
atuação infantil no universo do conhecimento e que seja ponto de partida para a
defesa de uma educação democrática e transformadora da realidade, objetivando
a formação de cidadãos críticos, criativos e autônomos.
2.3. Letramento
Considerando toda a perspectiva do interagir, brincar, cuidar e educar, para a
promoção do desenvolvimento das crianças na Educação Infantil, incluímos nesse
contexto a dimensão do letramento que, integrado às outras dimensões, são
determinantes para a qualidade da educação na primeira infância.
A criança é um ser social, imerso em uma sociedade e em uma cultura repleta de
símbolos e significados. Desde bebê, o ser humano já está em contato com diversos
estímulos que o inserem em um universo social e simbólico. Há interação com os
familiares que conversam com a criança, cantam músicas, contam histórias, isto
é, apresentam o mundo do qual faz parte, colaborando na formação de vínculos
afetivos importantes para o desenvolvimento do sujeito.
Aos poucos, as crianças vão crescendo e cada vez mais participam dos aspectos
culturais da sociedade como sujeitos que produzem e se apropriam dos elementos
que dela fazem parte, como, por exemplo, escutam as músicas diversas, percebem
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