Page 37 - Diretrizes para Educação Infantil
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De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil
(DCNEI), “as práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular da
Educação Infantil devem ter como eixos norteadores as interações e brincadeiras.”
(BRASIL, 2010, p. 25). Isto se deve principalmente pelo fato destes eixos estarem
na essência da ação infantil; as brincadeiras e as interações não são atividades
que as crianças simplesmente executam, mas são intrínsecas à infância.
A brincadeira não é uma atividade descontextualizada do meio social. Além de ser
algo subjetivo, uma vivência interna do sujeito, ela também acompanha a cultura
do meio social e as gerações que brincam e utilizam o brinquedo como instrumento
desta ação; isso significa que as formas de brincar se modificam conforme cada
cultura, tempo e espaço.
Vigotski (2007) considera o brincar como uma atividade fundamental para o
processo de desenvolvimento infantil e que possui algumas funções primordiais,
ligadas ao processo de desenvolvimento/amadurecimento das funções psicológicas
e a dimensão afetiva que o brincar proporciona ao unir diferentes sujeitos em
uma ação colaborativa, participativa, interativa.
Quando a criança brinca, ela transporta para essa atividade as percepções e as
experiências que vive em seu meio social. É o momento que ela pode externar de
maneira simbólica seus sentimentos, suas emoções, seus desejos, suas vontades
e seus desagrados. Quantas vezes não vimos a cena de crianças brincando de
escolinha, atuando como se fosse a professora ou os estudantes! “O que é primor-
dial na brincadeira é que ela reflete a vida; a criança brinca de situações reais que não
podem ser vividas na vida real por ela naquele momento”. (PRESTES, 2012, p. 158)
A brincadeira de faz de conta tem um papel fundamental no desenvolvimento
humano; tanto que Vigotski não a considera como somente uma vivência lúdica,
de recreação e lazer. Ela se envolve intimamente com as situações que a brinca-
deira proporciona, pois, para ela, “brincar é algo muito sério e importante”. Desse
modo, a brincadeira se torna uma ação que está na base do desenvolvimento
infantil, e que desenvolve não só os aspetos cognitivos, mas também os relacio-
nados à imaginação, à criatividade, à curiosidade, ao relacionamento, à identidade
e à individualidade.
Experimentar a vida real por meio da brincadeira leva as crianças a vivenciarem
situações do seu cotidiano e também fruto da sua imaginação, de forma simbólica.
A bolinha de massinha vira comida; o galho da árvore vira uma varinha de condão
ou a batuta de um maestro. E nessas situações de faz de conta ela também vivencia a
organização das ações a partir das regras de comportamento.
É por meio da brincadeira que a criança toma consciência das
regras de comportamento, expressa suas impressões da vida
vivida – combinando elementos da realidade com elementos
que cria a partir de suas experiências. O que na vida real passa
despercebido para a criança, na brincadeira, transforma-se em
regra. (PRESTES, 2012, p. 159)
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