Page 34 - Diretrizes para Educação Infantil
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significado, internaliza esse mundo, dando forma ao pensamento. Nesse caso,
vale ressaltar a importância do meio social como espaço potente para desenvolver e
oportunizar vivências dinamizadoras do processo de linguagem.
Entende-se que pensamento e linguagem se configuram como dois processos
distintos. Isto significa dizer que as “curvas deste desenvolvimento convergem e
divergem constantemente, cruzam-se, nivelam-se em determinados períodos e
seguem paralelamente, chegam a confluir em algumas de suas partes para depois
tornar a bifurcar”. (VIGOTSKI, 2010, p. 111)
Em algum momento do desenvolvimento humano, eles encontram-se, para
formarem os pensamentos verbais, que podem ser manifestados tanto pela
linguagem oral quanto pela linguagem escrita. Isto é, pensamento e linguagem
unem-se no significado que é dado à palavra (signo), desenvolvendo no sujeito
a possibilidade de formação de conceitos que irão colaborar na organização dos
processos mentais, sistematizando o pensamento e, por conseguinte, mediando
sua relação com o mundo onde está inserido.
O significado da palavra só é um fenômeno de pensamento na
medida em que o pensamento está relacionado à palavra e nela
materializado, e vice-versa: é um fenômeno de discurso apenas
na medida em que o discurso está vinculado ao pensamento e
focalizado por sua luz. É um fenômeno do pensamento discursivo
ou da palavra consciente, é unidade da palavra com o pensamento.
(VIGOTSKI, 2010, p.398)
Nesse sentido, torna-se necessário contextualizar o processo de formação de
conceitos, que está intrinsicamente ligado ao desenvolvimento do pensamento e
linguagem, e também ao significado que é concedido à palavra, a partir da mediação
que ela estabelece entre o sujeito e o mundo.
Segundo Vigotski (2009), esse processo é organizado em três fases. A primeira
fase é considerada quando a criança organiza objetos que formam imagens
desconexas, reunindo objetos que não apresentam significado comum, apenas
são semelhantes a partir da percepção da própria criança.
A segunda fase é caracterizada pela organização do pensamento por complexos,
que são mais coerentes e objetivos, sobretudo pela experiência da criança com o
ambiente social. A criança já começa a organizar os elementos do complexo de
uma forma que ainda é diversa, sem uma coerência. Essa fase apresenta cinco
tipos de divisão: o tipo associativo, que é quando a criança consegue reunir diversos
elementos tendo como base um núcleo comum. Ao pedir à criança que reúna
formas que se assemelhem a um triângulo, a criança levará também outras
formas geométricas, como quadrado, retângulo, pois o núcleo comum foi o
vértice presente no triângulo.
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