Page 30 - Diretrizes para Educação Infantil
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forma única, singular, pessoal; não é possível duas crianças aproveitarem uma
                      vivência da mesma forma. Ouvir histórias, brincar de fazer comidinha no
                      parquinho, de construir castelos com blocos, pintar ou desenhar, entre outras,
                      são vivências que serão sentidas de maneiras diferentes por cada criança. Assim,
                      à medida que as crianças podem vivenciar situações educativas diversas, elas
                      ressignificam e transformam suas percepções sobre elas próprias e sobre a reali-
                      dade, construindo novas hipóteses e novos conhecimentos, isto é, novas formas
                      de pensar, de agir e de sentir.
                      Nessa perspectiva, as escolas de Educação Infantil são compreendidas como o
                      espaço propício para surgimento de novas relações, das vivências que poten-
                      cializam o ato de ensinar e aprender, por meio das diversas atividades que são
                      propostas no cotidiano das crianças. Para Vigotski, o movimento de ensino e
                      aprendizagem não acontece de forma separada, em que ao professor cabe ensinar
                      e ao estudante cabe aprender, mas sim como uma relação de complementari-
                      dade. “É uma situação que envolve tanto o aluno quanto o professor e no qual
                      o professor tem o papel de organizador do ambiente social de desenvolvimento”.
                      (PRESTES, 2012, p. 65)
                      O ambiente deve ser cuidado para que desperte o interesse e a curiosidade das
                      crianças para vivenciar as atividades que serão propostas.

                                 Para saber mais: O termo Obutchenie (em russo) foi utilizado
                                 por Vigotski para definir “a atividade autônoma da criança, que
                                 é orientada por adultos ou por colegas e pressupõe, portanto, a
                                 participação ativa da criança no sentido de apropriação dos produtos
                                 da cultura e da experiência humana”. (PRESTES, 2012, p. 188)

                      Não basta planejar um momento repleto de intencionalidade pedagógica se não for
                      motivar nas crianças o desejo de estar ali e se envolver nos momentos de aprendi-
                      zagem. Desse modo, Vigotski nos mostra que as atividades “devem estar à frente do
                      desenvolvimento e não seguindo o desenvolvimento como uma sombra”. (PRES-
                      TES, 2012, p.184). Portanto, é necessário conhecer a fase de desenvolvimento que
                      o estudante se encontra, independentemente de sua idade cronológica. Só será
                      possível planejar atividades que estejam à frente do desenvolvimento, que sejam
                      desafiadores, se o educador estiver atento e observar a forma como seus estudantes
                      se portam na relação com os outros, com o ambiente e também a maneira pela qual
                      ele organiza seu pensamento e constrói suas hipóteses.
                      Um ponto importante sobre a questão das atividades propostas por Vigotski é
                      que se considera o protagonismo da criança, sua participação ativa nas práticas
                      educativas, sem descartar a função mediadora na relação de ensino aprendizagem
                      (que pode ser desenvolvida pelo próprio educador ou pelos colegas). Nas palavras
                      de Prestes (2012):




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