Page 32 - Diretrizes para Educação Infantil
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Vigotski (2004) conceitua a zona de desenvolvimento iminente da seguinte forma:
A zona blijaichego razvitia é a distância entre o nível do desen-
volvimento atual da criança, que é definido com a ajuda de ques-
tões que a criança resolve sozinha, e o nível de desenvolvimento
possível da criança, que é definido com a ajuda de problemas que
a criança resolve sob a orientação dos adultos e em colaboração
com companheiros mais inteligentes.
[...] A zona blijaichego razvitia define as funções não amadure-
cidas, mas que se encontram em processo de amadurecimento, as
funções que amadurecerão amanhã, que estão hoje em estado
embrionário. (VIGOTSKI, 2004, p. 379 apud PRESTES, 2012, p. 173)
Desse modo, fica claro que a zona de desenvolvimento atual (ou real) considera os
saberes que a criança já consolidou até o presente momento (funções psicológicas
superiores), aquilo que ela já sabe e não necessita de ajuda para desempenhar.
Seja sua opinião sobre alguma temática, a rabiscação no momento do desenho,
amassar massinha, rasgar papel, pular com os dois pés juntos, conhecer formas
e cores, entre outras. São saberes que já estão consolidados e que o educador
apenas precisa conhecer e observar.
Tendo como base o nível de desenvolvimento já estabelecido (amadurecido) –
zona de desenvolvimento atual – o olhar se volta para as funções que ainda não
estão totalmente desenvolvidas e necessitam amadurecer, que é a zona de desen-
volvimento iminente. A identificação dessa zona iminente, favorável ao desen-
volvimento de novas funções psicológicas, será percebida por meio da comparação
entre aquilo que o estudante consegue fazer sozinho e o que ele necessita de
colaboração/mediação para executar.
Tomemos como exemplo um movimento muito comum na Educação Infantil
que é rasgar papel. Inicialmente a criança ainda não vai conseguir realizar esse
desafio sozinha; certamente ela vai necessitar da colaboração do educador ou
dos colegas que já conseguem realizar esse movimento. Exercendo seu papel
de mediador, o educador poderá rasgar apenas a pontinha da folha para que a
criança possa continuar; um colega pode ajudar a rasgar o papel se oferecendo
para puxar uma das pontas; a criança pode observar o colega que já consegue
rasgar o papel com as pontas dos dedos, utilizando o movimento de pinça, para
depois imitá-lo. Isto é, a criança teve a colaboração dos pares e do adulto para
realizar um movimento, investindo no amadurecimento das funções que geram
o desenvolvimento.
Neste caso, o educador tem o papel fundamental de conhecer a zona de desen-
volvimento atual de cada estudante, uma vez que cada um possui seu tempo de
desenvolvimento individual e está inserido em determinado contexto cultural.
Esse conhecimento ajudará o educador na proposta de desafios que tenham como
alvo atingir a zona de desenvolvimento iminente, com o objetivo de alcançar o
amadurecimento/desenvolvimento de suas funções intelectuais.
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