Page 25 - Diretrizes para Educação Infantil
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Outra função importante confiada ao educador da Educação Infantil consiste no
desenvolvimento de seu papel de mediador pedagógico. De acordo com Vigotski
“[...] o professor é o organizador do meio social educativo, o regulador e controlador
de suas interações com o educando”. (VIGOTSKI, 2003, p. 76). Mediar é estar aten-
to, observar os conhecimentos que os estudantes já possuem, reorganizando-os
e propondo novas experiências de modo que as crianças possam produzir novos
conhecimentos. É uma prática que considera aquilo que a criança já sabe, que
incentive a pesquisa e a descoberta, e que permita a livre expressão das conclusões
e hipóteses construídas pelos estudantes de forma autônoma, pois é nesse
momento que a aprendizagem se concretiza.
Mediar também significa cuidar do espaçotempo, no que diz respeito à organi-
zação do cotidiano escolar, do ambiente e dos objetos que serão utilizados, das
vivências que serão oportunizadas, e da qualidade do processo educativo para que
os objetivos estabelecidos sejam alcançados. Tudo isso para que os estudantes se
sintam atraídos e estimulados a participar das situações de aprendizagem plane-
jadas pelo educador.
Estar atento para estimular a curiosidade das crianças e desenvolver o espírito de
pesquisa significa entrar em contato com as próprias curiosidades e desejos do
educador. A relação com o estudante possibilita ao educador olhar para si mesmo,
com questionamentos que dizem respeito aos seus interesses, às curiosidades e à
sua própria forma de se relacionar com os outros.
Nesse caminho, consideramos importante que o educador também seja capaz de
refletir sobre sua prática e direcioná-la segundo a realidade em que atua, voltada
aos interesses e às necessidades dos estudantes. Nesse sentido, Freire (1996, p.43)
afirma que: “É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem é que se pode
melhorar a próxima prática”. Para Nóvoa (1997, p.27):
As situações conflitantes que os professores são obrigados a
enfrentar (e resolver) apresentam características únicas, exigindo,
portanto, características únicas: o profissional competente
possui capacidades de autodesenvolvimento reflexivo […]. A
lógica da racionalidade técnica opõe-se sempre ao desenvolvi-
mento de uma práxis reflexiva”. (Nóvoa, 1997, p.27)
Alguns fatores contribuíram para a construção da ideia de professor reflexivo.
O primeiro é o fato de o professor se transformar em agente ativo e responsável
pelo sentido do seu fazer docente em oposição à concepção de ser mero executor
de tarefas definidas por outros. Outro consiste em considerar os saberes tácitos
dos professores e não ter somente os saberes acadêmicos como válidos. Por último,
reconhecer a construção da prática do professor como um processo contínuo a ser
aprimorado no decorrer de sua vida.
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