Page 24 - Diretrizes para Educação Infantil
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Outro aspecto importante do educador marista diz respeito ao fato de não ser
mero executor de práticas pedagógicas. Seu papel de atuar na gestão de espa-
çotempos da Educação Infantil associa o olhar atento e a escuta sensível para
os estudantes a partir da função mediadora nos contextos de aprendizagens,
relações e interações, a fim de direcionar a produção de novos conhecimentos.
O exercício da observação atenta e a escuta sensível demandam presença cons-
tante do educador na relação com os estudantes. Presença não apenas na sua
dimensão física, mas como forma de mobilizar todos os seus sentidos no acompa-
nhamento da criança no seu processo de desenvolvimento e aprendizagem.
Elas [observação e escuta] envolvem a intuição, a afetividade e o
pensar investigativo do docente diante das expressões das crianças
manifestadas em diferentes linguagens. Assim, estão relacio-
nadas a um tipo de observação que envolve todos os sentidos,
os ditos e os não ditos, e a uma abordagem atenta às crianças,
suas brincadeiras, suas conversas, seus gestos, perguntas, enfim,
aprendizagens [...]. (UMBRASIL, 2019, p. 70)
Para saber mais: “A presença e a entrega pessoal são elementos
centrais da pedagogia marista. Elas envolvem a comunidade
educativa em um movimento que fomenta a confiança e a
partilha, na prática cotidiana da escuta e do diálogo. A presença
extrapola o espaçotempo escolar e exige do educador, além da
mediação do processo de ensino-aprendizagem, postura atenta
às demandas contemporâneas, atuação incentivadora e coerência
entre o discurso e a ação. A presença junto a crianças, adoles-
centes, jovens e adultos concretiza-se, portanto, em uma relação
baseada no afeto, propiciando um clima favorável à aprendizagem,
à apropriação de valores humanos e cristãos e à maturidade
pessoal. (UMBRASIL, 2010, p. 44)
O educador deve apurar o olhar e ter uma escura atenta para observar os estu-
dantes no desenvolvimento das suas individualidades, percebendo as particu-
laridades do processo de desenvolvimento integral de cada sujeito. O objetivo
não é estabelecer uma comparação entre os estudantes, mas considerar o tempo
de cada um, suas dúvidas, incertezas, interesses, curiosidades, respeitando o seu
jeito singular de perceber o mundo à sua volta.
A observação atenta e a escuta sensível pressupõem um professor
consciente, que exerça a avaliação contínua de seus fazeres,
vendo-se como um eterno aprendiz na relação com as crianças.
Ao escutar e devolver a sua escuta ao grupo de crianças, o professor
lhes ensina a ter atenção à vida cotidiana, a escutar os colegas e
observar a si mesmas e a refletir sobre suas práticas. (UMBRASIL,
2019, p. 71)
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