Page 19 - Diretrizes para Educação Infantil
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Para saber mais: “O adultocentrismo é um dos preconceitos
mais naturalizados pela sociedade contemporânea. Ele atribui
capacidades e fazeres às crianças para que se tornem adultas no
futuro, desconsiderando os aspectos singulares da própria
infância, tornando esse momento da vida apenas uma passagem,
apenas um vir a ser, em que aprendemos a nos relacionar e a nos
integrar à sociedade”. (SANTIAGO; FARIA, 2015, p. 73)
A infância, objeto de estudo da sociologia da infância, é um conceito que foi
construído socialmente a partir das contribuições de diversos autores que a
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compreendem como uma construção histórica, social e cultural, rompendo com
visões biológicas que concebiam a infância como devir, ou seja, um vir a ser, uma
preparação para a vida adulta. (SARMENTO, 2005)
Para saber mais: Conforme Sarmento (2005), a infância é
concebida além da visão “biológica”, que percebe o desenvol-
vimento a partir da maturação biológica, e da visão “psicologi-
zante”, que percebe o desenvolvimento independentemente do
contexto social onde está inserida. A infância é observada como
um fenômeno histórico e sociológico.
De acordo com o documento Evangelização com as Infâncias (UMBRASIL, 2016, p.
19), “no processo de construção do conceito da infância, a criança, aos poucos, sai
do anonimato, da quase invisibilidade, para se tornar sujeito de direito”. O enten-
dimento da criança como “sujeito de direitos” surge nos documentos internacio-
nais a partir da Declaração dos Direitos da Criança (ONU, 1959), Convenção sobre
os Direitos das Crianças (ONU, 1989) e é ratificado por documentos nacionais,
como Constituição Federal Brasileira (1988), Estatuto da Criança e do Adolescente
(1990) a fim de garantir às crianças seus direitos fundamentais.
Considerar a criança como sujeito de direitos significa considerá-la e respeitá-la
a partir da maneira singular de viver e experimentar o mundo, do seu lugar de
criança, merecendo a proteção integral da família e do Estado. Essa perspectiva
confere à criança a possibilidade de ser vista como alguém que tem voz e que
também pode se expressar no mundo social por meio das suas múltiplas linguagens.
“Nesse sentido, é preciso ouvir a voz das crianças e perceber o potencial existente
nelas, tornando-as visíveis, criando oportunidades e espaços para exercerem a
sua participação e seu protagonismo”. (UMBRASIL, 2016, p. 25)
3 Dentre eles podemos citar Corsaro (2011), Sirota (2001), Sarmento (2008), Kramer (2007),
Florestan Fernandes (1979), Kuhlmann Jr (2010), e outros.
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