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Lourenço Filho, começaram a questionar a metodologia tradicional de ensino,
             na qual se considerava o professor a figura central do processo, enquanto o estu-
             dante era visto como um mero receptor passivo dos conteúdos preestabelecidos.
             Eles compreenderam que o estudante aprende com a experiência e não com a
             repetição, pelo fato do ser humano ser curioso por essência. Logo, iniciou-se um
             processo de valorização da chamada “Escola Nova”, no qual o professor seria um
             facilitador do processo de aprendizagem, conduzindo e valorizando processos
             experimentais, processos de pesquisas e descobertas do meio social e natural. A
             esse processo, atribui-se o início da perspectiva do ensino por meio de projetos.
             Com o passar do tempo, a perspectiva de trabalhar com projetos veio sendo
             consolidada e aprimorada, o que nos leva a compreender hoje que há uma Peda-
             gogia de Projetos a ser estudada e aplicada. Para Hernández (1998), o trabalho
             por projeto não deve ser visto como uma opção puramente metodológica, mas
             como uma maneira de repensar a função da escola. A pedagogia de projetos visa à
             atitude ativa e reflexiva das crianças diante às suas aprendizagens, na medida em
             que elas percebem o sentido e o significado do conhecimento para a compreensão
             da sua vida e do contexto. Ainda segundo o autor, a perspectiva educativa de
             projetos de trabalho é uma:
                        [...] visão a respeito das relações pedagógicas e do aprendizado
                        por meio do diálogo e da indagação. Nossa aposta é que a vida
                        da sala de aula e da escola seja um projeto em que jovens, crianças,
                        educadores e famílias encontrem seu lugar para aprender.
                        (HERNÁNDEZ, 2014, s/p)
             Portanto, diferentemente do ensino tradicional, no qual o professor falava e a
             criança ouvia para memorizar, a proposta traz uma concepção de projetos
             centrada no estudante e na construção do conhecimento. Assim, implica no
             entendimento de que os conhecimentos não se limitam aos conteúdos curricu-
             lares das áreas específicas. Antes, dizem respeito à construção integral entre
             conteúdos e saberes produzidos no contexto social e cultural a partir da indagação
             e criação propostas de resolução das demandas identificadas. Por isso, os métodos
             utilizados na perspectiva da pedagogia de projetos diferem-se dos métodos tradi-
             cionais. Incluem desenvolvimento de atividades práticas, de processos de pesquisa,
             da utilização de distintas fontes de informação, de elaboração de hipóteses, de
             análises, interpretações e adaptações no decorrer do desenvolvimento.
             O trabalho por projetos necessita de uma organização prévia, com objetivos,
             metodologia, mas no decorrer do seu desenvolvimento, demanda alteração, pois
             depende da construção coletiva e da resposta e interesse das crianças. Como diz
             Almeida (2002, s/p) “se fizermos do projeto uma camisa de força para todas as
             atividades escolares, estaremos engessando a prática pedagógica”.
             Tanto na elaboração, quanto na condução e desenvolvimento dos projetos, é
             importante levar em consideração os quatro pilares da educação, traçados no
             início do século pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e
             a Cultura (UNESCO), a saber:




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