Page 114 - Diretrizes para Educação Infantil
P. 114
5.2.4. Acolhida
Quando o ano se inicia, recebemos os estudantes que já são estudantes da escola,
e da mesma forma recebemos crianças novas que, na maioria dos casos, está
estabelecendo seu primeiro contato dela e de sua família no contexto escolar.
Muitas dúvidas, inseguranças, temores e medos emergem para a família novata,
que escolhe colocar o filho na escola, fora do aconchego do lar, e também para a
criança, que necessitará construir novas relações, novos vínculos de confiança
com pessoas, até então, desconhecidas para ela.
Esse momento é comumente chamado de adaptação, que é quando a escola irá
receber todos os estudantes e suas famílias para iniciar uma nova etapa no
cotidiano de algumas crianças e o recomeço das atividades na vida das outras.
Entretanto, atualmente, tem-se questionado o uso termo “adaptação” para se
referir ao processo de acolhimento das crianças novatas. Isso acontece pelo fato de
o termo adaptação transmitir uma ideia de que apenas a criança e sua família
necessitam se adaptar aos novos espaços educativos, como se a escola não tivesse
que se movimentar e se preparar para receber e acolher esses novos estudantes.
Dessa maneira, chegou-se ao termo acolhida, que adotaremos para nomear o
processo de receber na Educação Infantil marista as crianças novatas e suas famílias.
O ato de acolher envolve refúgio, proteção, conforto, amparo, hospitalidade. É
nesse sentido que o acolhimento deve ser pensado e planejado para que as ações
desenvolvidas ofereçam momentos de bem-estar, de conforto, de segurança para os
estudantes, que seja respeitado o tempo que cada necessite para a construção dos
vínculos positivos, num movimento de diálogo, afeto, sentimentos, emoções. Devemos
lembrar que a qualidade desse acolhimento reverbera diretamente no resultado
satisfatório desse processo, que envolve a família, os educadores e os gestores.
Dessa maneira, é necessário que sejam preparadas ações específicas para esse
importante momento na escola. O planejamento deve prever ações lúdicas,
prazerosas, que despertem o interesse das crianças, explorando diversos mate-
riais e espaços, fugindo ao trivial, para que as crianças explorem, manipulem,
inventem e criem; organizar o ambiente para que ele seja atrativo.
As famílias também devem ser acolhidas nesse momento difícil de separação dos
seus filhos. Estar à disposição dos responsáveis para o diálogo, para partilha
de informações na acolhida é o primeiro passo para construção de relação de
confiança entre família e escola.
5.3. O trabalho com projetos pedagógicos
Há inúmeras possibilidades de ensino no processo de aprendizagem na área
da educação formal e, no caso, da Educação Infantil, para além da perspectiva
tradicional amplamente difundida no nosso país.
Na década de 1920, no Brasil, com base nas ideias de autores como Jonh Dewey
(1859-1952) e Celestine Freinet (1896-1966), educadores como Anísio Teixeira e
Diretrizes para Educação Infantil 113