Page 104 - Diretrizes para Educação Infantil
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Nesse desenho de organização das práticas pastorais pedagógicas, várias atividades
e experiências cotidianas são desenvolvidas: a chegada das crianças à escola, o
horário do lanche, o parquinho, a higiene, dentre tantos outros que compõe essa
jornada diária que a criança pequena vive em um ambiente escolar.
Desse modo, a opção pelo uso do termo cotidiano se dá em função da necessidade
de trazer para os espaçostempos da Educação Infantil uma jornada diária que seja
mais flexível, dinâmica e que considere o imprevisível, a necessidade de transfor-
mação ou adaptação da prática pedagógica diante do movimento e das necessi-
dades apresentadas pelos estudantes.
Assumir o termo cotidiano não significa abolir a rotina na vida desse segmento.
Conforme nos mostra Barbosa (2006), “essa diferenciação entre rotina e cotidiano,
juntamente com a ideia de que o cotidiano contém uma rotina, mas não se
restringe a ela, pode abrir uma nova trajetória na compreensão da rotina peda-
gógica”. (BARBOSA, 2006, p. 46). Ou seja, um novo caminho é inaugurado a partir
da compreensão de que as atividades do cotidiano podem ser organizadas e
sistematizadas, mas que permitam a emergência do inesperado, do extraordi-
nário para se incorporar ao que foi planejado.
É necessário ressignificar o entendimento de rotina para percebê-la como parte
do cotidiano, que deve ser visto como dinâmico, transformador, significativo e
potente para o desenvolvimento das crianças. Nas palavras de Barbosa (2006):
A (re)invenção do cotidiano, na escola infantil, depende das
possibilidades de os adultos responsabilizarem-se pelo seu
próprio tempo, romperem com o tédio da repetição, diminuírem
o stress de fazer tudo igual, criando um tempo diverso e diversi-
ficado, um tempo que ouça as crianças e os próprios educadores,
tudo o que elas têm de inovador, de criativo. Usar o tempo com a
clareza possível a respeito dos fatores que nos fazem realizar as
coisas de um modo ou de outro. (BARBOSA, 2006, p. 234)
Nesse sentido, entende-se que as atividades realizadas diariamente colaboram de
maneira significativa para a organização interna da própria criança, que sentirá
maior segurança em saber o que será apresentado em seu dia, além de ajudá-la a
construir referências (comportamento social, padrões culturais, organização do
tempo e espaços). Todavia, não pode cair na armadilha de ser rígida e inflexível.
Para que essa rigidez não ocorra e a rotina se transforme em uma prática pedagó-
gica do cotidiano, é necessário refletir sobre como deve ser organizada, conside-
rando a todo momento as intencionalidades pedagógicas que estão no pano de
fundo de todas as atividades que serão propostas, desde a escolha dos materiais
que serão utilizados até o local onde a experiência se concretizará. Há de se
considerar também que o sujeito da aprendizagem é o estudante, e que ele deve
estar no centro das ações que envolvem o cotidiano.
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