Page 90 - Diretrizes Curriculares Educação Inclusiva - Edição II
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oferecer essa possibilidade, quando não houver conhecimento de Libras por
          parte dos demais. No entanto, a interação precisa ocorrer, evitando-se que
          intérprete e estudante sejam seus únicos interlocutores.
          A Língua Brasileira de Sinais – Libras é considerada a língua natural das pes-
          soas surdas e utiliza recursos visuais, manuais e gestuais do corpo. No Brasil,
          a Libras foi reconhecida por meio da Lei n. 10.436, de 24 de abril de 2002,
          sendo componente curricular obrigatório nos cursos de formação docente,
          atribuindo significado e dignidade aos surdos. Porém, o conhecimento raso
          advindo dos cursos não dá formação e subsídios suficientes para o trabalho
          com estudantes surdos em salas de ensino regular. Faz-se necessário, nesse
          modelo, que o estudante tenha outros suportes que favoreçam o processo
          de aquisição do conhecimento. Para incluí-los, os professores deverão pro-
          gramar ações que tenham sentido para os estudantes tanto ouvintes quanto
          surdos. Conforme Damázio:
              A inclusão do estudante com surdez deve acontecer desde a educação
              infantil até a educação superior, utilizar os recursos de que necessita
              para superar as barreiras no processo educacional e usufruir seus di-
              reitos escolares, exercendo sua cidadania, de acordo com os princípios
              constitucionais do nosso país (2007, p. 62).

          Acrescenta-se que esses estudantes carecem de estímulos para desenvolver
          todo seu potencial acadêmico, social, cultural e afetivo. Para isso, a comu-
          nidade educacional deverá repensar a práxis pedagógica e romper com o
          paradigma da educação tradicionalista, (re)pensando as práticas a partir das
          diversidades linguísticas.
          Há diversas formas de comunicação gestual e visual, mas a Libras se desta-
          ca como recurso legal e natural para o estudante surdo. Tendo em vista as
          especificidades de sua língua materna — Libras —, o estudante surdo pre-
          cisa do apoio de um intérprete/tradutor de Libras-Língua Portuguesa em
          sala de aula, para comunicar-se e compreender os conteúdos curriculares
          ministrados pelos professores, na classe comum. Os regentes de turma pre-
          cisam reconhecer seu papel docente, não cabendo ao intérprete a função de
          ensinar. O intérprete/tradutor faz interpretação simultânea ou consecutiva
          da Libras para o Português e deste para aquela. Cabe-lhe o papel de mediar
          a comunicação entre professor-estudante, estudante-estudante, pais, fun-
          cionários, enfim, os membros da comunidade escolar, como também em
          atividades como seminários, palestras, fóruns, debates, reuniões e demais
          eventos educacionais (DAMÁZIO, 2007).



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          Habilidades intelectuais
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