Page 57 - Diretrizes Curriculares Educação Inclusiva - Edição II
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atividade humana (DEMO, 2008). Nesse sentido, a avaliação qualitativa
é identificada com as perspectivas de transformação por que passam seus
atores: avaliadores e avaliados. Convergente com essa concepção, Perrenoud
(1999) defende a avaliação formativa, cujas características fundamentais
destacam-se pelo compromisso com a aprendizagem e o desenvolvimento
do estudante. É voltada à regulação das aprendizagens e do desenvolvimen-
to, inclusive, à autorregulação dos processos de pensamento e de aprendiza-
gem, vinculada aos projetos que orientam as intervenções educativas.
A avaliação formativa, segundo Perrenoud (1999), supera a lógica seletiva,
classificatória e excludente das avaliações tradicionais. Dá lugar aos concei-
tos de diferença nas relações sociais e interpessoais, na gestão da escola, na
diferenciação das ações pedagógicas e, ainda, na diversificação das formas
de excelência, tendo em vista que as noções de êxito e fracasso constituem
realidades socioculturais construídas. Os conceitos de regulação formula-
dos pelo autor — retroativa, interativa e proativa —, embora gerais, apli-
cam-se com vantagem à educação de estudantes com dificuldades signifi-
cativas, que constituem público-alvo da educação especial. Essas formas de
regulação são detalhadas a seguir.
• Regulação retroativa: aquela que se dá após uma sequência de apren-
dizagem. Tem caráter remediativo ou de (re)construção, renuncia às
aprendizagens problemáticas ou não acessíveis ao estudante, delimita
dimensões e trajetórias escolares.
• Regulação interativa: implica a comunicação contínua professor-estu-
dante, o manejo de classe e a diferenciação do ensino.
• Regulação proativa: pautada pela avaliação prévia, orienta-se ao es-
tudante como destinatário da avaliação, considerando seus conheci-
mentos prévios, sua disposição e seu ânimo, bem como os recursos
disponíveis e a previsão de dificuldades.
Hoffmann (1998) desenvolveu o conceito de avaliação mediadora, enten-
dida como estratégia de intervenção pedagógica que articula o processo ava-
liativo às atividades de aprendizagem e à análise global do desenvolvimento
do estudante na trajetória de escolarização. Opõe-se à avaliação tradicional,
pautada pelas noções de sucesso e fracasso. A avaliação mediadora, cujos
pressupostos dirigem-se aos estudantes em geral, aproxima-se do desejado
para os estudantes contemplados pela educação especial, por suas caracte-
rísticas expostas abaixo.
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