Page 43 - Diretrizes Curriculares Educação Inclusiva - Edição II
P. 43

8.1  Diferenciação curricular baseada em aulas inclusivas
                    Roldão (2003) desaconselha adotar uma pedagogia menos exigente como
                    resposta educacional às diferenças dos estudantes em sala de aula. Do mes-
                    mo modo, não recomenda simplificar o currículo ou considerar apenas
                    objetivos e conteúdo de natureza prática e muito particularizados para os
                    estudantes. Para a autora, essa é uma forma de reforçar a estratificação so-
                    cial na escola por meio do currículo. Não raro, estratégias de diferenciação
                    criam separação entre estudantes com e sem necessidades especiais na es-
                    cola. Recomenda, pois, práticas diferenciadoras pautadas por estratégias
                    coletivas de aprendizagem, que implicam cooperação e colaboração entre
                    os estudantes.
                    Na perspectiva democrática da educação para todos, nenhum estudante
                    pode frequentar a escola apenas para socializar-se. A aprendizagem curricu-
                    lar é considerada um direito de todos os estudantes, garantindo um currí-
                    culo flexível e acessível para atender à diversidade da população estudantil.

                    Para cumprir os compromissos com a educação inclusiva dos estudantes
                    em situação de deficiência, Porter (2002) identificou apoios-chave em uma
                    pesquisa realizada no Canadá, cujos resultados indicaram:
                    •   um novo papel para o professor da educação especial — como
                       profissionais especializados, esses educadores podem contribuir com
                       os professores regentes de classe, dando-lhes orientação, assistência e
                       apoio à atuação pedagógica;
                    •   foco em estratégias de ensino — reconhecimento das diferentes habi-
                       lidades, capacidades e dos diversos interesses dos estudantes, conside-
                       rando as metas globais de ensino, o ensino ministrado pelo professor e
                       as vivências discentes;
                    •   compromisso com o desenvolvimento da equipe — relevância da
                       formação docente na perspectiva da educação inclusiva, mediante se-
                       minários, cursos, conferências e encontros docentes, visando ao desen-
                       volvimento de habilidades para o êxito da inclusão escolar;
                    •   orientação sustentada para a solução de problemas — compromis-
                       so da escola com a solução dos problemas observados em sala de aula,
                       oferecendo apoio ao professor em suas necessidades. A ajuda pode
                       ser propiciada pelo professor especializado ou pelos colegas e orien-
                       tadores, em reuniões nas quais situações práticas e estratégias sejam




                                                                         43
   38   39   40   41   42   43   44   45   46   47   48