Page 40 - Diretrizes Curriculares Educação Inclusiva - Edição II
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Os significados do currículo são atribuídos pelos contextos histórico, po-
lítico, sociopessoal, escolar nos quais se insere e os quais participam de sua
configuração. Essa visão contextualizada do currículo associa-se, também, à
concepção sistêmica, na qual cumpre suas funções e adquire sentidos e sig-
nificados compartilhados. Desse modo, pode-se falar em sistema curricular
(SACRISTÁN, 2000) que, inserido no sistema social mais amplo, gera
um subsistema prático-pedagógico em torno do qual gravitam subsiste-
mas variados: político-administrativo; formulação de conteúdo; produção
de meios; recursos humanos (profissionais, especialistas, pesquisadores);
ordenação do sistema educativo; participação social e controle; inovações
educacionais e outros. Para se entender a realidade do currículo, faz-se ne-
cessário reconhecer a dinâmica interativa que envolve todos esses aspectos.
Por sua vez, Ferreira e Martins (2007) apontam três categorias de currículo,
expostas a seguir.
• Formal: estabelecido pelos governos, propiciando um conjunto de me-
tas e expectativas de resultados.
• Informal: referente às aprendizagens não planejadas, que se dão nas
interações com o ambiente.
• Oculto (velado, escondido): situações que afetam o currículo formal,
influenciando os comportamentos, os valores e as atitudes dos estu-
dantes no contexto escolar e fora dele.
Nessa mesma concepção, Glat e Pletsch (2011) denominam sentido explí-
cito do currículo os elementos programados e formulados para implemen-
tação na escola e sentido implícito os aspectos menos visíveis, o currículo
oculto, manifesto nas expectativas, representações sociais, atitudes, práticas
educativas, nos valores, nas crenças e nos comportamentos que se dinami-
zam no contexto escolar.
A partir dessa concepção, pode-se pensar a diferenciação curricular como
uma resposta à diversidade na escola, no momento em que se proclama
mundialmente a educação para todos. Nos anos 1990, década na qual se
intensificou a discussão acerca dos princípios da igualdade de oportuni-
dades e equidade na educação, buscou-se construir uma escola inclusiva
pautada pelos ideais democráticos. A educação especial firmou-se nesse
cenário como forma de viabilizar a concretização desses ideais em relação
aos estudantes com necessidades educacionais especiais, como se verificou
na Declaração de Salamanca (BRASIL, 1994).
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