Page 31 - Diretrizes Curriculares Educação Inclusiva - Edição II
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Do mesmo modo, não se verificou consenso entre as organizações mundiais
de pessoas com deficiência sobre a definição de educação inclusiva.
O atendimento aos estudantes com deficiência em muitos países ocorria
em programas separados de educação especial e foram relatadas demandas
de pessoas cegas, surdas e surdocegas para que pudessem ser educadas em
escolas especiais ou em grupos separados. Houve consenso, entretanto, na
defesa da ideia de que as pessoas com deficiência tivessem o direito de optar.
Examinando o estado da educação inclusiva em relação aos objetivos da
“Educação para Todos”, alguns resultados foram destacados.
• Os participantes concordaram que nem todos oferecem aos estudantes
os apoios de que necessitam. Muitos gestores e docentes não aceitam a
inclusão escolar e percebem a deficiência como o fator de maior vulne-
rabilidade à exclusão.
• Muitas crianças não têm registro de nascimento, não constam em esta-
tísticas nem tem acesso à escola.
• No Brasil, pesquisa realizada em 501 escolas com 18.599 estudantes,
pais e mães, professores e funcionários da rede pública de todos os
estados do país revelou que o preconceito e a discriminação estão for-
temente presentes entre estudantes, pais, professores, diretores e cola-
boradores das escolas, sendo que 96,5% têm preconceito em relação a
pessoas com deficiência (FIPE – INEP, 2009).
• Predomina o modelo clínico, atribuindo-se aos estudantes a falta de
êxito escolar, sem associar-lhe as questões escolares.
Sobre o evento de Salamanca realizado em 2009 (INCLUSION INTERNA-
TIONAL, 2009), os pais declararam que poucos estudantes chegavam ao en-
sino médio e que contavam com suporte limitado na escola, ficando os apoios
por conta das famílias. Relataram que muitos estudantes eram excluídos ou
evadidos das escolas e que se ressentiam das baixas expectativas sobre suas
realizações. Denunciaram atitudes negativas no contexto escolar e queixa-
ram-se da falta de conhecimento dos docentes sobre educação especial, o que
constituía uma barreira ao progresso dos filhos. Alguns consideraram que a
escola especial segregava menos, embora optassem pela escola comum para os
filhos. Reivindicaram que se trabalhasse junto com os pais, e não contra eles.
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