Page 26 - Diretrizes Curriculares Educação Inclusiva - Edição II
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Essas afirmações demonstram a indissociável relação entre cultura, socie-
          dade e deficiência e a necessária compreensão do impacto dessa realidade
          sobre a inclusão escolar e seu avanço no momento atual.
          Outras questões discutíveis em relação à educação inclusiva são apontadas por
          Rodrigues (2006), que chama a atenção para o distanciamento entre a teoria,
          a legislação, o discurso e a prática. O autor analisa o que chama de “ideias
          feitas” sobre a educação inclusiva e as organiza em categorias que podem gerar
          reflexões de base para projetos e ações de orientação inclusiva; são elas: valores,
          formação de professores, recursos, currículo e gestão da sala de aula.
          Quanto aos valores, o autor evidencia a compreensão de que a diferença é
          uma condição de todos os estudantes e, como tal, requer uma pedagogia
          diferenciada para todos. Lembra que a diferença tem sido usada como meio
          de representar “deficiente”, sinalizando, ainda, dificuldades centradas no
          estudante. Afirma que “a educação inclusiva dirige-se aos ‘diferentes’, isto
          é… a todos os estudantes. E é ministrada por ‘diferentes’, isto é… por todos
          os professores” (RODRIGUES, 2006, p. 305).
          Quanto à formação de professores, Rodrigues (2006) aponta a costumeira
          afirmação de que os professores não estão formados para atender estudantes
          com dificuldades. Sobre isso, argumenta que o desenvolvimento de compe-
          tências docentes se dá mediante uma prática continuada, reflexiva e coletiva
          no ambiente heterogêneo da sala de aula. O autor ressalta, ainda, a neces-
          sidade de recursos humanos, equipamentos e materiais para que a inclusão
          tenha qualidade, bem como de pessoal especializado. Com isso, a escola
          precisa de uma organização diferenciada de aprendizagem para responder à
          diversidade dos estudantes.
          Reforça, também, que, por um lado, a diferenciação curricular representa
          a oportunidade de aprendizagem diversificada aos estudantes em geral no
          processo de ensino e de aprendizagem. Para ele, constitui uma tarefa do
          coletivo da escola, extrapolando a sala de aula. Por outro lado, o currículo
          não pode ser diferenciado de modo a tornar-se exclusivo para os estudantes
          com necessidades educacionais especiais e assumir uma natureza terapêu-
          tica ou habilitativa, centrada no deficit de alguns estudantes. Defende que
          seja abrangente a todos os estudantes, flexível e com foco na inclusão social,
          interativo e voltado para a autonomia. Intervenções especializadas para pro-
          blemas específicos de aprendizagem também compõem estratégias curricu-
          lares adotadas na educação inclusiva.





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