Page 158 - Diretrizes Curriculares Educação Inclusiva - Edição II
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dificação fonológica, ou seja, na conversão grafema-fonema ou na inabili-
          dade em agrupar os sons na formação de palavras, o que resulta na ausência
          de compreensão do que se está lendo. A falta de sensibilidade fonética difi-
          culta a discriminação de sons semelhantes (b/p, d/t, g/j), inibindo a apren-
          dizagem dos padrões de codificação alfabética. A não automatização da
          leitura a torna laboriosa, pois o disléxico terá de fazer a codificação de cada
          palavra individualmente, precisando usar o contexto para compreendê-la.
          Como despende muito esforço, a capacidade de armazenamento de infor-
          mações verbais, sons e sequências em curto prazo é limitada. É comum a
          substituição de palavras com estruturas semelhantes (instruir/construir), o
          que explica a dificuldade em atividades ditadas em sala por esses estudantes.
          A dislexia lexical é identificada em indivíduos que enfrentam dificuldades
          para relacionar a codificação visual com o léxico interno. Ou seja, a rota
          de reconhecimento lexical não é eficaz, deixando-o dependente da rota
          fonológica, que é morosa em seu funcionamento, tornando a leitura extre-
          mamente cansativa (MOOJEN, 2006). Além das vias de reconhecimento
          da linguagem escrita, alguns documentos mencionam outras nomenclatu-
          ras e/ou tipologias, como dislexia visual, cuja dificuldade encontra-se em
          seguir sequências visuais, ocorrendo inversões de letras, sílabas ou palavras
          (par/pra; lata/alta), espelhamento, supressão de sílabas e letras (cachorro/
          caorro), repetição de sílabas ou palavras (eu gosto gosto de jogar bola), frag-
          mentação incorreta (queroco merbolo/quero comer bolo). Dessa forma,
          tarefas como copiar do quadro se tornam verdadeiros martírios para esse
          grupo de estudantes. Tais características (estrefossimbolia) correspondem
          aos principais sinais indicativos da dislexia.
          Moojen (id. Ibid.) considera que, apesar de as rotas serem independentes
          e a despeito das múltiplas facetas de classificação, há casos avançados do
          distúrbio em que o estudante apresenta problemas para operar nas vias fo-
          nológica, lexical e visual, sofrendo de dislexia mista. Estima-se que crianças
          disléxicas acima dos oito anos apresentam, na leitura e escrita, atraso de
          dois anos em relação à sua capacidade. Considerando esta informação, o
          diagnóstico de dislexia é condicionado para o final do segundo ou início do
          terceiro ano do fundamental I. Durante os primeiros anos desse segmento,
          recomendam-se avaliações por meio de relatórios periódicos do desenvolvi-
          mento estudantil, ressaltando o caráter processual da aprendizagem.

          Embora não sejam determinantes para diagnóstico, algumas características
          são comuns a crianças disléxicas e devem ser observadas pela família e pelos




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