Page 155 - Diretrizes Curriculares Educação Inclusiva - Edição II
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Distúrbios de aprendizagem é um termo genérico que se refere a um
                       grupo heterogêneo de alterações manifestas por dificuldades significa-
                       tivas na aquisição e uso da audição, fala, leitura, escrita, raciocínio ou
                       habilidades matemáticas. Estas alterações são intrínsecas ao indivíduo
                       e presumivelmente devidas à disfunção do sistema nervoso central.
                       Apesar de um distúrbio de aprendizagem poder ocorrer concomitan-
                       temente com outras condições desfavoráveis (por exemplo, alteração
                       sensorial, retardo mental, distúrbio social ou emocional) ou influên-
                       cias ambientais (por exemplo, diferenças culturais, instrução insufi-
                       ciente/inadequada, fatores psicogênicos), não é resultado direto dessas
                       condições ou influências (Collares e Moysés (1993, p. 32).
                    Ainda de acordo com a definição do citado comitê, apesar de não ser im-
                    prescindível que a única causa do distúrbio de aprendizagem seja uma dis-
                    função presente no sistema nervoso central, é preciso que, pelo menos,
                    uma disfunção do SNC seja um dos possíveis fatores para que o distúrbio
                    possa ser diagnosticado. É importante considerar que o transtorno especí-
                    fico de aprendizagem não se deve à falta de oportunidade de aprender nem
                    de ensino inadequado ou ao absenteísmo nas aulas. Os estudantes, entre-
                    tanto, apresentam limitado progresso escolar. Trata-se de um transtorno
                    persistente que aparece, na maioria das vezes, desde os anos iniciais. Pode
                    ocorrer, também, à medida que os conteúdos curriculares se tornam mais
                    complexos.
                    O transtorno não se associa à deficiência intelectual, sensorial ou motora.
                    Nem ao atraso no desenvolvimento global ou a problemas neurológicos.
                    Não se explica, também, por fatores ambientais adversos, como desvan-
                    tagem econômica ou social. Por essa razão, é identificado como um trans-
                    torno específico, uma vez que não aparecem dificuldades de aprendizagem
                    mais genéricas e pode limitar-se a uma habilidade ou um domínio acadêmi-
                    co (leitura de palavras isoladas, evocação ou cálculos numéricos). Pode, in-
                    clusive, ocorrer em estudantes com altas habilidades intelectuais. A dislexia
                    é um exemplo do transtorno específico de aprendizagem.

                    A gravidade pode ser indicada com base nos critérios apresentados no
                    DSM-5. É considerado leve, quando o estudante é capaz de desempenhar
                    bem as atividades na presença de apoios e adequações. Considera-se mo-
                    derado, quando seus resultados escolares dependem de ensino intensivo e
                    especializado durante os anos escolares. É grave, quando afeta vários domí-
                    nios acadêmicos, exigindo ensino individualizado e especializado contínuo




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