Page 152 - Diretrizes Curriculares Educação Inclusiva - Edição II
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Sob a perspectiva clínica, o conceito de “transtornos funcionais” vem sendo
pesquisado há algumas décadas e demonstrou lacunas de precisão. Remete
a habilidades determinadas pelo funcionamento neurológico, manifestadas
pela “não fluência” ou “disfluência” no funcionamento do estudante, sem
apresentar indicadores detectáveis por exames clínicos nem caracterizar pa-
tologias (LEFÈVRE et al., 1975). Entretanto, essas disfunções requerem
atenção interdisciplinar e orientação à família, bem como acompanhamen-
to escolar baseado na progressão escolar, na produção e em resultados aca-
dêmicos, soado à observação do comportamento, entre outros aspectos.
Ainda sob a ótica clínica, os transtornos funcionais específicos estão associados
a dificuldades no neurodesenvolvimento infantil e aos impactos ambientais
resultantes. Apresentam-se de modo persistente, mesmo quando oferecidos
apoios adicionais em casa e na escola durante um período longo de tempo.
Podem, inclusive, persistir na vida adulta. No entanto, as intervenções me-
diante a interdisciplinaridade, envolvendo recursos educacionais, psicope-
dagógicos e clínicos (se necessários) levam a bons resultados.
Analisados sob outra perspectiva teórica — a abordagem histórico-cultural
—, os transtornos funcionais específicos são considerados de uma maneira oti-
mista quanto às aprendizagens e ao desenvolvimento do estudante, este vis-
to como sujeito ativo do seu progresso pessoal e social e com recursos com-
pensatórios para superar suas limitações orgânicas (VIGOTSKI, 1995).
Para isso, devem ser propiciadas condições sociais, relacionais e educacio-
nais favoráveis em ambientes proativos em que predominem oportunida-
des efetivas de comunicação, cooperação, participação ativa, com oferta de
apoios necessários aos estudantes.
12.9.1 Gestão do currículo na classe inclusiva para estudan-
tes com transtornos funcionais
As soluções educacionais têm como base o planejamento e a implemen-
tação do currículo comum, voltado ao desenvolvimento de habilidades
e competências dos estudantes com transtornos funcionais. A seguir são
elencadas atividades e aspectos fundamentais.
• Constituir o sujeito ativo, reconhecendo e valorizando sua singulari-
dade e subjetividade.
• Promover experiências e vivências corporais, lúdicas, criativas, inova-
doras e interessantes, por meio de jogos, brincadeiras, música e outros,
em ambientes coletivos.
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