Page 130 - Diretrizes Curriculares Educação Inclusiva - Edição II
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São devidas aos estudantes com TEA as oportunidades de desenvolverem
          suas funções psicológicas superiores nas culturas, por meio das interações
          sociais. Vigotski (1995, 1999) defende que o desenvolvimento humano de-
          corre de fatores biológicos que estão na base de reações adquiridas por meio
          das interações sociais no ambiente. As funções psicológicas elementares, que
          são naturais, inatas, presentes no desenvolvimento filogenético, constituem
          a base na qual se constroem as funções psicológicas superiores, de natureza
          social, histórica, cultural e produzidas na interação com o mundo.

          A linguagem e os outros meios simbólicos são fundamentais nessa perspec-
          tiva, na qual o sujeito é constituído historicamente na cultura, ao mesmo
          tempo em que a constitui. Os signos (representações) são culturais, signi-
          ficados por meio do outro social, sendo apropriado e ressignificado pela
          pessoa, que lhe dá sentido pessoal e capacidade de simbolizar o mundo que
          a cerca.
          Os pressupostos vigotskianos são válidos para todos, portanto precisam
          ser considerados na educação dos estudantes com TEA ao longo da vida,
          nos diversos contextos de suas vivências e experiências. Uma vez que o
          desenvolvimento de qualquer pessoa depende de suas interações e da in-
          ternalização de bens e processos culturais, é fundamental que a educação
          dos estudantes com TEA esteja voltada para oportunizar e efetivar a co-
          municação e a interação social, por meio de processos mediados. A meta é
          dar-lhes acesso e ampliar sua vida social. Os recursos de comunicação social
          são imprescindíveis, podendo ser verbais, gestuais, visuais e outros. Dessa
          forma, a apropriação e o uso da linguagem — receptiva e expressiva — têm
          papel fundamental para o desenvolvimento da pessoa com TEA, caminhos
          para significar seu mundo.
          12.7.4 Gestão do currículo na classe inclusiva
          Filho e Cunha (2010), considerando os estudantes com TEA, orientam
          para a observância das seguintes práticas na escola:
          •   organização dos ambientes de modo que sejam mais previsíveis e fa-
              miliares para o estudante, não deixando, contudo, de fazer parte das
              práticas comuns da escola. Dessa maneira, deve-se evitar horários, ob-
              jetos, brinquedos etc. separados apenas para o estudante com TEA.
              As rotinas e os rituais comuns, convencionais da escola facilitam as
              vivências e experiências desses estudantes. O importante é comunicar,
              esclarecer, evidenciar e explicitar para eles essas situações e práticas




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