Page 129 - Diretrizes Curriculares Educação Inclusiva - Edição II
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gestão do currículo desenvolvido em sala de aula, uma vez que não substi-
                    tuem as ações pedagógicas desenvolvidas pela escola. Por outro lado, esses
                    procedimentos devem levar em conta a condição de sujeito ativo e a consti-
                    tuição subjetiva dos estudantes.

                    12.7.3.2 Perspectivas histórico-culturais
                    Essa abordagem teórica tem como seu mais destacado representante Leo
                    S. Vigotski, que integrou um grupo de estudiosos e pesquisadores do iní-
                    cio do século XX voltados ao estudo dos processos de aprendizagem e de-
                    senvolvimento humano. De muita relevância para a educação, Vigotski
                    (1999) destacou a importância de considerar as funções psicológicas da
                    criança que se encontram em processo de amadurecimento, além do seu
                    estado atual de desenvolvimento. Um desdobramento relevante dessa afir-
                    mação para o ensino e a aprendizagem é levar em conta, além das fun-
                    ções já maduras do estudante, sua “zona de desenvolvimento real” (VI-
                    GOTSKI, 1999), aquelas funções que se encontram com possibilidades
                    de desenvolvimento, ou seja, sua “zona de desenvolvimento iminente”
                     (PRESTES, 2013, p. 299), o que torna muito significativa a mediação de
                    outros mais experientes, capacitados ou possibilitados — professores, ou-
                    tros adultos ou colegas — na solução de problemas e tarefas.

                    Explicitação maior desses conceitos remete à ideia de que a “zona de de-
                    senvolvimento iminente” consiste na distância entre o nível de desenvolvi-
                    mento atual da criança, que lhe permite resolver problemas e realizar tarefas
                    de maneira autônoma, e o nível de desenvolvimento em que lhe é possível
                    resolver questões com ajuda de outrem (PRESTES, 2013; VIGOTSKI,
                    1999). Essas afirmações respaldam a relevância dos apoios, da cooperação
                    entre pares e da mediação docente para impulsionar o desenvolvimento dos
                    processos psicológicos do estudante.
                    No que diz respeito aos estudantes com TEA, observam-se dificuldades no
                    envolvimento com pares em jogos e brincadeiras, o que limita as oportu-
                    nidades dos companheiros de atuarem e promoverem sua zona de desen-
                    volvimento proximal (GAMMELTOFT; NORDENHOF, 2007). Para os
                    autores, o jogo é imprescindível para o desenvolvimento social do estudante
                    com TEA. Desse modo, o apoio do professor ou de outra pessoa contribui
                    para a aprendizagem de habilidades que permitem ao estudante agir na
                    situação social, por meio do que denominam jogo mediado. Esse exemplo
                    remete ao uso de atividades estruturadas e de apoios capazes de orientar os
                    estudantes com TEA no contexto escolar, ao mesmo tempo em que impul-
                    sionam seu desenvolvimento.


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