Page 125 - Diretrizes Curriculares Educação Inclusiva - Edição II
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As condições cognitivas são preservadas em parte dos que recebem esse
diagnóstico. Com o uso de apoios convencionais e especializados, os estu-
dantes com diagnóstico de autismo podem obter resultados escolares satis-
fatórios e, em alguns casos, alcançar níveis elevados de ensino, consideradas
suas necessidades educacionais. Nesse sentido, destacam-se no TEA situ-
ações em que não se observam deficit intelectual ou de linguagem, como
o antes denominado transtorno de Asperger. Com apoio, esses estudantes
alcançam bons resultados escolares e superam dificuldades sociais para li-
dar com situações novas, interações e envolvimentos sociais, participar de
conversações, controlar o próprio comportamento em público, inclusive
os repetitivos e outros. Além disso, os interesses focais podem resultar em
aprimoramento de habilidades e conhecimentos que contribuem para a
inclusão social. As oportunidades de acesso ao ensino superior devem ser
garantidas, bem como a oferta de apoios e diversificação curricular necessá-
rios, também nesses níveis de ensino.
As pessoas têm acesso ao mundo circundante mediante estímulos senso-
riais. É importante investigar por quais vias o estudante com TEA está mais
aberto à comunicação e ao contato, por estímulos visuais, auditivos, tátil-ci-
nestésico e outros. Muitos estudantes com TEA recusam os contatos visuais
ou táteis com outras pessoas. Recursos materiais podem ser facilitadores de
comunicação inicial, entre os quais se destacam os meios informatizados,
capazes de dar acessibilidade mais aceitável ao estudante, inicialmente. É
importante considerar que meios alternativos possibilitam ao estudante
não verbal com TEA representar, comunicar e expressar desejos, necessida-
des e sentimentos, dando-lhe meios e espaços para relacionar-se e aprender.
Alguns aspectos mencionados anteriormente explicam-se por deficits na
função executiva, compreendida como a capacidade do pensamento para
adotar estratégias adequadas à solução de problemas, mediante atividades
cognitivas como antecipação, planificação, flexibilização do pensamento
e da ação (adiar, inibir, avançar, retroceder), controle de impulsos, repre-
sentação mental de tarefas e outras (FILHO; CUNHA, 2010). Alterações
nessas competências influenciam nas decisões e ações, bem como no estabe-
lecimento de relações sociais. Podem explicar, também, as estereotipias sen-
sório-motoras presentes no TEA, tendo em vista prejuízos na flexibilidade.
Em relação a esse tema, Grandin (2017), uma educadora com TEA, afirma
que muitos autistas são pensadores visuais. Segundo seu relato: “Eu penso
por imagens. Não penso por linguagem. Meus pensamentos são como víde-
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