Page 12 - Diretrizes para Produção Textual - 2ª Edição
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Os benefícios da leitura para a escrita são significativos. Inicia-se pela ampliação do repertório
          sociocultural, que servirá de insumo para as produções dos estudantes, posto que é impossível
          escrever sobre o que não se conhece. Uma das principais fontes de informação e conhecimento
          a que se tem acesso é justamente a cultura escrita, devido à importância e à legitimação dela na
          sociedade letrada.
          Além de educar por meio dos discursos e valores implícitos, a leitura exerce papel educativo
          central ao fornecer modelos de textos e estruturas típicos da escrita, que são internalizados
          pelo estudante. Ao realizar o ato de ler, além de atribuir sentido ao texto, por meio do conheci-
          mento de mundo e das relações intertextuais que se estabelece, também se assimila, de modo
          relativamente consciente, os mecanismos de organização que regem a escrita, tais como a
          pontuação, a acentuação, a ortografia e a construção frasal (sintática) aplicada a determinados
          contextos de uso.
          Apesar das evidências que correlacionam leitura e escrita, é importante salientar que o hábito
          de leitura, por si só, não forma redatores competentes. A leitura fornece insumos de forma e
          conteúdo, indispensáveis para o desenvolvimento de um estilo pessoal. Ao contrário do que
          muitos imaginam, escrever não é um dom, privilégio de poucos. Na verdade, esse é um dos
          tantos mitos que cercam o ato de escrever. A escrita, assim como a leitura, é uma habilidade que
          pode ser desenvolvida por meio de técnicas e de treino assíduo. Daí se justifica a importância do
          ensino sistemático, explícito, orientado e processual da produção textual.
          Se a leitura, sozinha, não é capaz de desenvolver a escrita, tampouco a escrita será consistente
          sem o contato permanente com a leitura. Todos os tipos de leitura, com os mais diversos obje-
          tivos, são válidos para a formação de sujeitos escritores (e autores). Contudo, o texto literário,
          em suas múltiplas repercussões e possibilidades de apreciação, na sua abrangência e formas de
          expressão oral e escrita – tanto o canônico quanto o de massa (periféricas/marginais), tanto o
          nacional e regional quanto o local –, ocupa um papel de destaque nesse processo de aprendiza-
          gem da Educação Básica, por propiciar o alargamento da visão de mundo, das percepções, bem
          como um estimulador do reconhecimento identitário, da empatia e da solidariedade.

          1.4. Produção textual: prática interdisciplinar
          Em última instância, leitura e escrita são eixos estruturantes de todo o processo educativo,
          tendo em vista que os conhecimentos socialmente legitimados dependem da palavra escrita.
          No ambiente escolar, a maioria das aprendizagens perpassa pela leitura e escrita em algum
          momento. Não obstante a pluralidade dos modos de aprender, a leitura e a escrita assumem um
          papel central na aprendizagem formal. Mesmo diante das inovações tecnológicas e dos estímu-
          los digitais, como videoaulas, animações, htmls interativos, todas elas se apoiam minimamente
          na cultura escrita e, de certa forma, consideram-na como ponto de partida ou de chegada.

          Essa percepção é importante porque ainda persiste o preconceito de que a leitura e, principal-
          mente, a produção textual estão circunscritas ao componente de Língua Portuguesa, sendo,
          portanto, responsabilidade exclusiva desse componente curricular. Contudo, a produção de
          texto está onipresente na escola desde as práticas orais (exposições, aulas, debates, discussões,
          seminários, apresentações diversas), passando pelas práticas escritas rotineiras dos estudan-
          tes (anotações e registros no caderno/agenda, comentários nos livros, respostas de exercícios,



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