Page 11 - Diretrizes para Produção Textual - 2ª Edição
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Diante desse cenário, a abordagem para a produção textual deve prezar pela diversidade de
          gêneros textuais, visando a apropriação de estratégias de escrita e a ampliação do repertório,
          mediante a familiaridade com textos provenientes de diferentes campos de atuação social. Em
          suma, reafirma-se a centralidade do texto, conforme preceituado na Matriz Marista de Lingua-
          gens, como objeto de estudo do componente curricular. O texto, por sua vez, se materializa nas
          práticas de linguagem e se concretiza nos gêneros textuais, os quais organizam e estabilizam
          toda e qualquer situação comunicativa, configurando, assim, a centralidade do trabalho peda-
          gógico em Língua Portuguesa e, consequentemente, da Produção Textual . 3

          1.3. Relação entre leitura e escrita
          Embora sejam convenções distintas, leitura e escrita estabelecem uma relação dialógica e com-
          plementar no sentido de que essas duas práticas sociais se influenciam mutuamente, o que pro-
          voca efeitos positivos para a aprendizagem dos estudantes. Dados da prova ABC corroboram a
          percepção dos educadores acerca das contribuições da leitura para a escrita: o hábito da leitura
          ajuda no desempenho escrito dos estudantes. Com base no cruzamento dos resultados das pro-
          vas de leitura e escrita, concluiu-se que os estudantes com nível satisfatório na prova escrita
          (75 pontos) obtiveram desempenho acima do esperado na prova de leitura (175 pontos) . 4
          Aplicada no 3º ano do Ensino Fundamental, a prova ABC fornece indicadores sobre a alfabe-
          tização no Brasil. No Marista Centro-Norte, optamos por iniciar o trabalho sistemático com a
          produção textual a partir do 3º ano, respeitando a conclusão do ciclo de alfabetização, confor-
          me as políticas públicas nacionais. Nesse sentido, preservamos o espaçotempo de apropriação
          do código alfabético-ortográfico pelas crianças como foco do processo de ensino e aprendiza-
          gem da língua na primeira infância.
          Nessa fase, os estudantes também exercitam a escrita por meio de atividades avulsas e
          escritas espontâneas, mas sem um direcionamento claro acerca dos gêneros textuais. Embora
          haja a proposição de textos simples nos materiais didáticos e em momentos específicos de
          aprendizagem, os textos dos estudantes possuem um caráter mais instintivo, de expressão
          das suas hipóteses de aquisição da escrita (FERREIRO; TEBEROSKY, 1999), dispensando o
          rigor metodológico na execução da sequência didática do processo de produção, requerida
          a partir do 3º ano do Ensino Fundamental (vide o capítulo 3). Do mesmo modo, no 1º ano
          e no 2º ano do Ensino Fundamental, dispensa-se a correção dos textos pautada em critérios
          formais mais amplos, a fim de que o estudante possa exercer a criatividade sem o monitora-
          mento e as limitações impostas pelas competências de fluência escrita, pois ele está usando a
          escrita como forma de expressão dos próprios pensamentos e das próprias reflexões sobre
          o código escrito. Contudo, é possível que o docente direcione a escrita e crie, colaborativa-
          mente, rubricas de correção, de acordo com o desenvolvimento da turma, de forma a enfatizar
          os aspectos específicos do sistema alfabético e de modo a colaborar para a consolidação da
          aquisição da escrita dos estudantes.




          3  Grafamos Produção Textual com letra maiúscula para referenciar o componente curricular em oposição à prática processual e
            sistemática de produção textual.
          4  Fonte: novaescola.org.br/conteudo/2015/dados-da-prova-abc-ilustram-o-quanto-ler-ajuda-a-escrever



                                           Diretrizes para Producao Textual - 2   Edição  11
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