Page 8 - Diretrizes para Produção Textual - 2ª Edição
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Nesse contexto, as linguagens são entendidas como formas de expressão das subjetividades
humanas e representação das identidades sociais, contemplando as línguas naturais (maternas
e adicionais) e as linguagens artísticas (artes visuais, teatro, música, dança, entre outros) e
corporais (esportes, jogos, danças, lutas, entre outros). As linguagens (corporal, visual, sonora e,
contemporaneamente, digital), portanto, permeiam o mundo que nos rodeia ao mesmo tempo
que construímos a realidade por meio das linguagens. Assim, a perspectiva escolar para
as linguagens é integradora e essencial para a formação integral do sujeito, ampliando as
possibilidades de significação e construção de sentidos. Muito além dos aspectos teóricos e das
características de cada linguagem, a área se debruça sobre os usos concretos, o desempenho
dos participantes e os valores transmitidos e reproduzidos nas interações sociais:
O foco da área está não apenas no domínio técnico dos códigos específicos de
cada linguagem, mas principalmente no uso deles, em diferentes situações da
vida e por diferentes interlocutores. Mais do que possibilitar a construção do
pensamento, a transmissão de informações, a linguagem deve ser vista como
um fator de interação humana, no qual a comunicação é afetada pelas relações
sociais que se estabelecem no processo discursivo. Por meio dela, o sujeito
pratica ações que não conseguiria realizar, a não ser utilizando a linguagem
como processo de elaboração e reelaboração da realidade, em função do
contexto e dos lugares do discurso (UMBRASIL, 2021, p. 34).
A articulação entre os componentes curriculares da área, que já acontece de forma orgânica
nas atividades humanas mediadas pelas linguagens (corporal, visual, sonora e, contempo-
raneamente, digital), deve ocorrer, também, de maneira fluida, nos espaçotempos escolares.
Isso por meio das diferentes práticas, vivências e experiências que propiciem mais do que a
apropriação das especificidades de cada linguagem, mas que também oportunizem o diálogo
entre as diferentes linguagens, reconhecendo sua natureza dinâmica e diversa, indo além do
aspecto linguístico, insumo da Língua Portuguesa, como exemplificado por Rojo e Moura (2012):
É possível afirmar também que o aspecto interacionista da linguagem só se
concretiza porque é possível perceber a construção dela além das estruturas
linguísticas, tendo em vista que são levadas em conta as estruturas multisse-
mióticas, tão importantes quanto o texto verbal para o exercício da interação
em diversas instâncias comunicativas.
1.2. O componente curricular de Língua Portuguesa
Conforme a Base Nacional Comum Curricular, o componente curricular de Língua Portuguesa
tem por objetivo primordial o trabalho com os múltiplos letramentos, de modo a “proporcionar
aos estudantes experiências que contribuam para a ampliação dos letramentos, de forma
a possibilitar a participação significativa e crítica nas diversas práticas sociais permeadas/
constituídas pela oralidade, pela escrita e por outras linguagens” (BRASIL, p. 67-68, grifo nosso).
Nesse contexto, o componente se organiza em quatro práticas de linguagem (outrora, eixos
estruturantes), as quais estão previstas no currículo, por meio do desenvolvimento das compe-
tências e habilidades, a saber: Oralidade, Leitura/escuta, Produção de textos e Análise linguís-
tica/semiótica.
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