Page 16 - Guia de práticas e projetos de leitura: o papel da biblioteca e integração da escola
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Nas Matrizes Curriculares do Brasil Marista, a leitura está presente na área de linguagens, como
          prática pedagógica da rotina de sala de aula, nas sequências didáticas e nos projetos desenvol-
          vidos, propiciando um trabalho que vai além da leitura da palavra, mas que contempla, sobretudo, a
          leitura de mundo como uma forma de interagir criticamente com as situações e realidades em
          que os sujeitos estão inseridos:
                      Esses componentes curriculares produzem modos de apropriação e leituras de
                      mundo que ampliam possibilidades de significação e representação da e na
                      sociedade e devem conduzir o estudante a um constante construir-se enquanto
                      sujeito. (UMBRASIL, 2021, p. 31)
          A construção de competências e habilidades que formam o currículo marista promove também
          a releitura do mundo por meio do diálogo, do questionamento e da problematização de conhe-
          cimentos já estabelecidos. Desse modo, a experiência sensorial e os conhecimentos prévios
          trazidos pelos estudantes são fundamentais para uma leitura de mundo cada vez mais profunda,
          que coopere e complemente a leitura da palavra. Esse exercício constante de reflexão sobre
          valores, atitudes e saberes são o combustível para uma educação emancipadora, que forma
          cidadãos autônomos, críticos e conscientes.
                      Esses  componentes  têm  em  comum  elementos  estruturais  e  simbólicos
                      construídos socialmente: linguagens como expressão das atividades humanas,
                      produtoras de significados e identidades, formadas com base em múltiplos
                      códigos, situadas no espaçotempo. Esses componentes curriculares produzem
                      modos de apropriação e leituras de mundo que ampliam possibilidades de
                      significação e representação da e na sociedade e devem conduzir o estudante
                      a um constante construir-se enquanto sujeito. O foco da área está não apenas
                      no domínio técnico dos códigos específicos de cada linguagem, mas principal-
                      mente no uso deles, em diferentes situações da vida e por diferentes interlocu-
                      tores. (UMBRASIL, 2021, p. 31)

          A leitura de mundo, que precede a leitura da palavra (FREIRE, 1989), deve começar a ser estimu-
          lada desde a Educação Infantil, antes mesmo de os estudantes adquirirem o sistema alfabético.
          Nessa fase, as crianças ainda não fazem a leitura de textos escritos, mas são capazes de ler e
          compreender textos multimodais, com ilustrações e imagens, estáticas e em movimento, além
          de áudios. A criança, então, vale-se da escuta e da oralidade para se familiarizar com a pala-
          vra escrita, com as histórias e com os recursos extralinguísticos que constroem a significação
          textual. Ao longo do Ensino Fundamental, a apropriação do sistema alfabético permite uma
          ampliação do repertório de objetos e estratégias de leitura, o que confere maior autonomia aos
          estudantes sob a mediação dos educadores. No Ensino Médio, espera-se que haja um refina-
          mento da leitura para os mais variados objetivos, o que fornecerá subsídios para a continuidade
          dos estudos nas diferentes áreas de conhecimento dentro e fora da escola, para fins pessoais e
          profissionais. Cabe, também, ao componente de Língua Portuguesa incentivar e desenvolver a
          leitura como fruição, fator determinante para a formação do hábito de ler. As competências que
          perpassam o componente enfatizam a autonomia do estudante frente os textos, a correlação




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