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Nas Matrizes Curriculares do Brasil Marista, a leitura está presente na área de linguagens, como
prática pedagógica da rotina de sala de aula, nas sequências didáticas e nos projetos desenvol-
vidos, propiciando um trabalho que vai além da leitura da palavra, mas que contempla, sobretudo, a
leitura de mundo como uma forma de interagir criticamente com as situações e realidades em
que os sujeitos estão inseridos:
Esses componentes curriculares produzem modos de apropriação e leituras de
mundo que ampliam possibilidades de significação e representação da e na
sociedade e devem conduzir o estudante a um constante construir-se enquanto
sujeito. (UMBRASIL, 2021, p. 31)
A construção de competências e habilidades que formam o currículo marista promove também
a releitura do mundo por meio do diálogo, do questionamento e da problematização de conhe-
cimentos já estabelecidos. Desse modo, a experiência sensorial e os conhecimentos prévios
trazidos pelos estudantes são fundamentais para uma leitura de mundo cada vez mais profunda,
que coopere e complemente a leitura da palavra. Esse exercício constante de reflexão sobre
valores, atitudes e saberes são o combustível para uma educação emancipadora, que forma
cidadãos autônomos, críticos e conscientes.
Esses componentes têm em comum elementos estruturais e simbólicos
construídos socialmente: linguagens como expressão das atividades humanas,
produtoras de significados e identidades, formadas com base em múltiplos
códigos, situadas no espaçotempo. Esses componentes curriculares produzem
modos de apropriação e leituras de mundo que ampliam possibilidades de
significação e representação da e na sociedade e devem conduzir o estudante
a um constante construir-se enquanto sujeito. O foco da área está não apenas
no domínio técnico dos códigos específicos de cada linguagem, mas principal-
mente no uso deles, em diferentes situações da vida e por diferentes interlocu-
tores. (UMBRASIL, 2021, p. 31)
A leitura de mundo, que precede a leitura da palavra (FREIRE, 1989), deve começar a ser estimu-
lada desde a Educação Infantil, antes mesmo de os estudantes adquirirem o sistema alfabético.
Nessa fase, as crianças ainda não fazem a leitura de textos escritos, mas são capazes de ler e
compreender textos multimodais, com ilustrações e imagens, estáticas e em movimento, além
de áudios. A criança, então, vale-se da escuta e da oralidade para se familiarizar com a pala-
vra escrita, com as histórias e com os recursos extralinguísticos que constroem a significação
textual. Ao longo do Ensino Fundamental, a apropriação do sistema alfabético permite uma
ampliação do repertório de objetos e estratégias de leitura, o que confere maior autonomia aos
estudantes sob a mediação dos educadores. No Ensino Médio, espera-se que haja um refina-
mento da leitura para os mais variados objetivos, o que fornecerá subsídios para a continuidade
dos estudos nas diferentes áreas de conhecimento dentro e fora da escola, para fins pessoais e
profissionais. Cabe, também, ao componente de Língua Portuguesa incentivar e desenvolver a
leitura como fruição, fator determinante para a formação do hábito de ler. As competências que
perpassam o componente enfatizam a autonomia do estudante frente os textos, a correlação
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