Page 21 - Guia de práticas e projetos de leitura: o papel da biblioteca e integração da escola
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A leitura interdisciplinar possibilita práticas de letramento genuínas, que superam a perspec-
tiva das atividades pedagógicas focadas na recepção e assimilação de informações, e avança em
direção à seleção, organização e ressignificação de experiências e conhecimentos dos sujeitos.
2.2 Os espaçotempos de leitura na escola
A leitura não depende da organização do tempo social, ela é, como o amor, uma
maneira de ser. A questão não é saber se tenho tempo para ler ou não (tempo
que, aliás, ninguém me dará), mas se me ofereço ou não à felicidade de ser lei-
tor. (PENNAC, 1993)
A escola é o espaço formal para se aprender a ler e ser alfabetizado. Apesar de não ter exclusivi-
dade no processo de leitura (podemos ler em diversos outros lugares), e tampouco no processo
de alfabetização (podemos ser alfabetizados sem que necessariamente tenhamos frequentado
a escola), é na escola que o estudante amplia o seu repertório de conhecimentos de forma
sistematizada e processual. Para tanto, a escola possui características próprias que permitem
desenvolver a aprendizagem dos alunos, o que inclui naturalmente o processo de leitura. Parte
dessas características está relacionada com ideia de que a escola marista é um espaçotempo.
Essa compreensão existe, visto que a escola “se materializa num tempo e lugar localizados,
precisos, específicos, numa história e geografia cotidianas, nas quais nos formamos como sujeitos
da educação – da educação marista”. Isso requer “levar em conta que os espaços, tempos, e
relações são significados e organizados, de forma diferenciada pelos seus sujeitos, dependendo
da cultura e dos projetos, dos diversos grupos sociais neles existentes” (UMBRASIL, 2010, p. 53-54).
Nesse sentido, os espaços da escola, independentemente de quais sejam, configuram-se, também,
como espaçotempos de leitura. Espaços que garantem significado à leitura e que consideram as
características dos seus diferentes sujeitos. Com base nesse olhar, é possível exercitar a prática
da leitura em diferentes lugares, em diferentes tempos, com diferentes sujeitos e com variados
propósitos dentro do espaço escolar. Todas estas formas de se exercitar a leitura estão contex-
tualizadas a uma intencionalidade pedagógica, de modo que os objetivos de aprendizagem
possam ser alcançados.
Todos os espaços da escola são propícios para se trabalhar a leitura, entretanto, um desses
locais deve ser visto com um destaque especial. Esse espaço é a biblioteca escolar. De acordo
com o Manifesto IFLA/Unesco para Bibliotecas Escolares,
A biblioteca escolar é essencial a qualquer tipo de estratégia de longo prazo no
que diz respeito às competências de leitura e escrita, educação e informação
e ao desenvolvimento econômico, social e cultural. (MANIFESTO IFLA/
UNESCO PARA BIBLIOTECAS ESCOLARES)
É na biblioteca da escola que encontramos diversidade de leituras e textos, tudo ordenado, de
modo a favorecer a busca e o uso das informações disponíveis. A biblioteca escolar consiste
em ambiente propício para uma leitura compenetrada, às vezes despretensiosa, para a leitura
de uma obra literária, informativa ou mesmo para a realização de uma pesquisa. É, ainda, na
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