Page 13 - Guia de práticas e projetos de leitura: o papel da biblioteca e integração da escola
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a cada componente curricular. O exercício da leitura no contexto de uma aula de Geografia é
          distinto do realizado em Língua Portuguesa, por isso, é necessária a articulação entre os docentes
          e respectivos projetos.
                      Fazer a leitura do mundo não é fazer uma leitura apenas do mapa, ou pelo
                      mapa, embora ele seja muito importante. É fazer a leitura do mundo da vida,
                      construído cotidianamente e que expressa tanto as nossas utopias, como os
                      limites que nos são postos, sejam eles do âmbito da natureza, sejam do âmbito
                      da sociedade (culturais, políticos, econômicos). (CALLAI, 2005, p. 228)
          Ao promover a leitura de um mapa, por exemplo, os estudantes entram em contato com as
          especificidades da linguagem cartográfica que devem ser combinadas com leituras realizadas
          em outros contextos e que completam a interpretação do que está sendo lido. Assim, o ato de
          ler, seja um mapa, um texto, uma imagem, seja na aula de Língua Portuguesa ou em qualquer
          outra, torna-se potente ferramenta para a compreensão e intervenção no mundo do estudante.

          1.3 Leitura na Base Nacional Comum Curricular
          Embora seja uma prática estruturante e que permeia todos os componentes curriculares, a
          leitura é abordada na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) mais diretamente no compo-
          nente de Língua Portuguesa. Contudo, a formação do leitor (assim como a produção textual)
          não é atribuição única desse componente, mas, sim, uma responsabilidade compartilhada por
          todas as áreas de conhecimento e por toda a escola, como fica bem claro no seguinte trecho:
                      As práticas de compreensão e de produção de texto são constitutivas da
                      experiência de aprender e, portanto, presentes em todas as áreas. Por isso,
                      cabe à área de Linguagens assegurar o direito à formação de sujeitos leitores
                      e produtores de textos que transitem com confiança pelas formas de registro
                      dos diversos componentes curriculares. (BRASIL, 2018, p. 30)
          Seja pela tradição escolar ou pela própria natureza do componente de Língua Portuguesa,
          que assume como objeto de estudo a centralidade no texto materializado nos mais diversos
          gêneros, a leitura ganha destaque devido ao estudo sistematizado dos textos literários e não
          literários, bem como as especificidades de habilidades e conteúdos relacionados aos recursos
          linguísticos disponíveis para construção de significados dos textos.
          De modo mais explícito, a leitura está presente no componente de Língua Portuguesa como
          prática de linguagem (leitura/escuta) e como eixo de integração, perpassando todas as etapas de
          ensino. De acordo com a BNCC, as práticas de leitura devem contemplar as seguintes dimensões:
          •   reconstrução e reflexão sobre as condições de produção e recepção de textos diversos;
          •   dialogia e relação entre textos (intertextualidade e interdiscursividade);
          •   recuperação e análise das partes do texto;
          •   reflexão crítica sobre as temáticas e a validade das informações;
          •   compreensão dos efeitos de sentido decorrentes dos recursos linguísticos e semióticos;
          •   estratégias e procedimentos de leitura;
          •   adesão às práticas de leitura.


          Acesso em: 21 jul. 2022.



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