Page 11 - Guia de práticas e projetos de leitura: o papel da biblioteca e integração da escola
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Figura 3 - Concepção de leitura como prática social















                                  Fonte: elaborado pelos autores.

          O papel da escola precisa incorporar a adequação de seu trabalho a partir de concepções de
          leitura que contribuam efetivamente para a formação do sujeito-leitor. Para tanto, é funda-
          mental o estabelecimento de ações específicas que favoreçam tais possibilidades. Conforme

          exposto por Silva (1999), “uma mudança de perspectiva sobre as concepções prevalecentes
          de leitura é urgente, mas deve ser acompanhada de uma série de ações da organização escolar
          como um todo”. Para o autor, elas podem estar relacionadas a uma “discussão coletiva sobre a
          promoção da leitura a partir do projeto pedagógico da escola e da estruturação ou melhoria do
          acervo da biblioteca” (SILVA, 1999, p. 17).
          1.2 A importância do ato de ler
          A percepção da leitura como uma prática social consiste em reconhecer sua capacidade de
          transformar o entendimento do sujeito sobre a realidade que o cerca. Nessa perspectiva, “o

          ato de ler não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas
          se antecipa e se alonga na inteligência do mundo”. Isso significa que “linguagem e realidade

          se prendem dinamicamente”, isto é, uma não deveria existir sem a outra (FREIRE, 1989, p. 19).
          Ainda de acordo com Freire (1989, p. 30), “a leitura da palavra não é apenas precedida pela
          leitura do mundo, mas por uma certa forma de ‘escrevê-lo’ ou de ‘reescrevê-lo’, quer dizer, de
          transformá-lo através de nossa prática”. Para o autor, “[...] a importância do ato de ler implica
          sempre percepção crítica, interpretação e ‘reescrita’ do lido” (FREIRE, 1989, p. 31).

          Acerca desse aspecto, Leal e Nascimento (2019, p. 11) afirmam que a leitura e a prática caminham
          juntas, reforçando a ideia de que a “palavramundo” não deve ser vista apenas como um
          discurso, como uma concepção teórica de leitura ou de alfabetização, mas deve se constituir
          no próprio processo de ensino-aprendizagem inserido no cotidiano das pessoas alfabetizadas.
          Para tanto, é fundamental que o educador tenha um papel diferenciado na condução do processo
          e na preparação do sujeito para o ato de ler. Segundo as autoras, alfabetizar letrando exige
          muito mais do educador, não apenas de sua disponibilidade, mas também de conhecimento
          teórico, consciência política sobre o ato educativo e desejo de mudança frente ao mundo
          que nos cerca.



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