Page 10 - Guia de práticas e projetos de leitura: o papel da biblioteca e integração da escola
P. 10

Em síntese, podemos agrupar as concepções de leitura aqui discutidas em dois grandes grupos,

          em que o primeiro, estruturalista, reduz a leitura à decodificação e restringe o leitor a um papel
          passivo, ao passo que o segundo grupo, guiado por uma concepção interacionista, concebe a

          leitura como um processo recíproco de construção de significados entre leitor e texto.
                  Figura 1 - Concepção             Figura 2 - Concepção
                 estruturalista de leitura        interacionista de leitura















                                  Fonte: elaborado pelos autores.

          Dessa forma, é possível afirmar que a leitura se constitui como um processo complexo com a
          capacidade de transformar o sujeito e o seu entendimento sobre a realidade. Com base neste
          entendimento, Colello (2010, p. 41-42) afirma que:

                      A leitura é, portanto, um trabalho criativo de produção linguística e transfor-
                      mação em si, feita por um sujeito discursivo que põe em cena uma certa forma
                      de compreender a realidade, dando continuidade ao eterno diálogo travado
                      entre os homens.
                      Na prática pedagógica, conceber a leitura como negociação de sentidos, feita
                      por um indivíduo de modo singular e necessariamente contextualizado pelo
                      tempo e espaço, permite vislumbrar as múltiplas interpretações possíveis a
                      partir de um mesmo material escrito. [...] Como a leitura não é pura decodi-
                      ficação, ler um texto sobre um assunto familiar é diferente de ler um texto

                      sobre algo desconhecido. A consequência direta de tal constatação é que não
                      se ensina a ler e escrever dissociado dos processos de conhecimento de mundo.
          Tendo em vista a complexidade do ato de ler, assumimos uma concepção mais ampla de leitura,
          que considera a decodificação do texto, mas, sobretudo, a leitura de mundo, constituindo-se

          como prática social que parte da operação de decodificação de sinais, mas que só se completa,

          ou melhor, continua com a construção de sentidos em interação com o conhecimento de
          mundo do leitor.


           10  Guia de práticas e projetos de leitura: o papel da biblioteca e integração da escola
   5   6   7   8   9   10   11   12   13   14   15