Page 5 - Guia de práticas e projetos de leitura: o papel da biblioteca e integração da escola
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APRESENTAÇÃO
Entre as preocupações que motivaram São Marcelino Champagnat para sua missão, inclui-se o
ensino da leitura. Quando jovem, nosso fundador percebeu a dificuldade de entrar no caminho
das letras por uma metodologia que não utilizasse o amor e a acolhida às crianças e aos jovens.
Por isso, ao construir seu legado, São Marcelino incentivou o uso de técnicas que favorecessem
a aprendizagem de maneira mais contextualizada e de metodologias consideradas inovadoras
e melhores do que a simples repetição de letras e a aplicação de castigos físicos.
Ao longo da trajetória escolar, os estudantes entram em contato com a leitura em diferentes
contextos: em dinâmicas para familiarizarem-se com os livros e a cultura da literatura; em
momentos relacionados à alfabetização; para pesquisas e estudo de conceitos e conteúdos
variados, além dos momentos de leitura livre e de fruição. É por meio da leitura que o estudante
acessa o conhecimento disponibilizado por docentes, pelo próprio material didático e demais
recursos textuais. A leitura, entretanto, não se restringe ao conhecimento formal da interpre-
tação de um texto escrito, mas se relaciona à possibilidade de compreender o mundo em que
se está inserido, considerando que “A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que
a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele” (FREIRE,
1981). O ato de ler também está intrinsicamente relacionado a situações e relações sociais em
que estamos imersos cotidianamente, pois
Ler, mais do que um processo individual é uma prática social. Quer dizer, há
diferentes práticas de leitura que se realizam nos diferentes espaços sociais
nos quais as pessoas circulam. Por exemplo: lê-se na sala de espera de um
dentista; lê-se quando se passa em frente a uma banca de jornais e revistas;
lê-se em voz alta em um culto religioso; lê-se as listas classificatórias quando
se deseja saber se houve aprovação em um concurso vestibular; lê-se um
cardápio ao pedir o jantar no restaurante; lê-se a tela do computador
ao utilizar um caixa eletrônico de banco; lê-se os outdoors de propaganda
nas ruas; lê-se em uma livraria, quando se deseja comprar livros; lê-se o jornal
quando é entregue em casa; lê-se para estudar determinado tema, entre
outras tantas situações. Em cada uma dessas circunstâncias, lê-se por diferentes
motivos, o que determina diferentes procedimentos de lidar com o material de
leitura. (BRÄKLING, 2008, p. 3-4)
Nesse sentido, é importante garantir ao estudante marista a experiência de vivenciar diferentes
práticas de leituras, relacionadas às mais variadas situações e problematizações. Ler, nessa
perspectiva, não é uma prática restrita às aulas de língua portuguesa e ao espaço da biblioteca,
mas uma responsabilidade de todos os educadores maristas. Além disso, cotidianamente, os
estudantes estão expostos a estímulos para leitura e escrita em espaçotempos variados, como
redes sociais e aplicativos de mensagens, que trazem para o espaço escolar a responsabili-
dade de desenvolver um uso adequado desses ambientes digitais. A tela apresenta, para
seus usuários, novas possibilidades de acesso à informação e também de letramento (SOARES,
2002). Diante dos novos contextos de leitura e aprendizagem, assumimos o desafio constante
de fomentar a leitura, em todas as suas dimensões e possibilidades nos colégios e nas escolas da
rede Marista Centro-Norte, diante de uma realidade tão dinâmica e complexa...
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