Page 69 - Diretrizes Curriculares Educação Inclusiva - Volume I
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A Dislexia fonológica também conhecida como dislexia auditiva, ocorre
          quando o indivíduo apesenta dificuldade na decodificação fonológica, ou
          seja, na conversão grafema – fonema ou na inabilidade em agrupar os
          sons na formação de palavras, o que resulta na ausência de compreensão
          do que se está lendo. A falta de sensibilidade fonética dificulta a discrimi-
          nação de sons semelhantes (b/p; d/t; g/j), inibindo a aprendizagem dos
          padrões de codificação alfabética. A não automatização da leitura a torna
          laboriosa, pois o disléxico terá que fazer a codificação de cada palavra
          individualmente, precisando usar o contexto para compreendê-la. Como
          dispensa muito esforço, a capacidade de armazenamento de informações
          verbais, sons e sequências em curto prazo é limitada. É comum à substi-
          tuição de palavras com estruturas semelhantes (instruir/construir), o que
          explica a dificuldade em atividades ditadas em sala por estes estudantes.

          A Dislexia lexical é identificada em indivíduos que enfrentam dificuldades
          para relacionar a codificação visual com o léxico interno. Ou seja, a rota
          de reconhecimento lexical não é eficaz, o deixando dependente da rota
          fonológica que é morosa em seu funcionamento, deixando a leitura extre-
          mamente cansativa. (Moojen, 2006)
          Além das vias de reconhecimento da linguagem escrita, alguns documentos
          mencionam outras nomenclaturas e/ou tipologias, como dislexia visual,
          cuja dificuldade refere-se em seguir sequências visuais, ocorrendo inversões
          de letras, sílabas ou palavras (par/pra; lata/alta), espelhamento, supressão
          de sílabas e letras (cachorro/caorro), repetição de sílabas ou palavras (eu
          gosto gosto de jogar bola), fragmentação incorreta (queroco merbolo/
          quero comer bolo). Dessa forma tarefas como copiar do quadro se tornam
          verdadeiros martírios para esse grupo de alunos. Tais características
          (estrefossimbolia) correspondem aos principais sinais indicativos à dislexia.
          Apesar das rotas serem independentes, e das múltiplas facetas de classi-
          ficação, há casos avançados do distúrbio em que o estudante apresenta
          problemas para operar na via fonológica, lexical e visual, sofrendo de
          Dislexia mista.

          Estima-se que crianças disléxicas acima dos oito anos apresentam atraso
          na leitura e escrita de dois anos em relação à sua capacidade. Conside-
          rando esta informação, o diagnóstico de dislexia é condicionado para o
          final do segundo ou início do terceiro ano do fundamental I. Durante
          os primeiros anos deste segmento, recomendam-se avaliações através de
          relatórios periódicos do desenvolvimento estudantil, ressaltando o caráter
          processual da aprendizagem.




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