Page 9 - Formação Docente

Acreditamos ainda que a formação continuada docente é contextualizada na re-
alidade educacional e na articulação sistêmica entre teoria e prática. Para tanto,
elencamos aspectos essenciais do processo de formação continuada de professo-
res reflexivos, de acordo com Schön (1993) :
1
• conhecimento atualizado das teorias, dos conceitos e dos valores intrínse-
cos aos processos de ensino e de aprendizagem;
• relação sistêmica entre a teoria e a prática;
• utilização de múltiplos espaços educativos e novas tecnologias;
• partilha das práticas docentes durante as formações continuadas como va-
lorização do trabalho coletivo;
• formação em gestão de processos educativos; e
• consciência docente da realidade em que vai atuar.

Na nossa prática como educadores reflexivos, os processos de planejamento e
todos os conceitos envolvidos no ensino e na aprendizagem são utilizados, bem
como as metodologias ativas, a recursividade, a sequência didática, entre outros.
Pela complexidade e ampla abrangência da educação, vê-se em alguns momentos
a não eleição de uma prioridade formativa e, assim, a abordagem sem um plane-
jamento estruturado do processo de formação, como um programa anual cons-
truído a partir da escuta e do envolvimento de professores, das equipes diretivas
e técnicas.
Nessa nova racionalidade de sujeitos emancipados e críticos, a escola reflexiva
é, conforme Alarcão (2001, p.25), uma organização escolar que “(...) continua-
damente se pensa si própria, na sua missão social e na sua organização, e se con-
fronta com o desenrolar da sua atividade em um processo heurístico simultane-
amente avaliativo e formativo. ”. A escola assim concebida envolve todos os seus
integrantes e reconhece o valor da aprendizagem que resulta da própria vivência,
como uma epistemologia da prática. Para a referida autora (ibidem p.15) “Uma
escola que gera conhecimento sobre si própria como escola específica, e, desse
modo, contribui para o conhecimento sobre a instituição. ”. A unidade educacio-
nal Marista é assim reconhecida como espaço privilegiado para o desenvolvimen-
to da formação do educador reflexivo e da própria escola reflexiva.

1 “A tese central de Schön (1993) é que os profissionais não atuam no mundo real como os técnicos ou cientistas procedem
no laboratório; a atividade profissional não é um modelo das ciências aplicadas ou da técnica instrumental, pois esta é em
grande parte improvisada e construída durante seu desenvolvimento. Nesse sentido, um profissional não pode se contentar
com seguir “receitas” ou “aplicar” os conhecimentos teóricos anteriores à ação realizada, pois cada situação profissional que
vive é singular e exige de sua parte uma reflexão em e sobre a ação, ação construída em parte pelo profissional que lhe deve dar
sentido, precisamente o que Schön (1993) denomina problem setting. Assim, a experiência e as competências profissionais
contribuem para gerir a prática e torná-la mais autônoma. ” (TARDIF; MOSCOSO, 2018, p. 391)

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