Page 49 - Formação Docente
P. 49

Essas considerações colaboram para o sucesso metodológico integrante do pro-
                    grama Vivências Formativas do Marista Centro-Norte.

                    4.1 A EDUCAÇÃO ENTRE PARES NA ROTINA DO
                    EDUCADOR MARISTA
                    Na educação entre pares, ou peer education, os indivíduos de um mesmo grupo
                    compartilham informações, treinamento ou recursos para os seus pares, seja por
                    conta da semelhança de idade, profissão, questões identitárias, cultura ou pela
                    identificação de interesses comuns. A educação entre pares também é apresen-
                    tada como uma estratégia de desenvolvimento pessoal e profissional de baixo
                    custo, pois parte da valorização dos conhecimentos e experiências dos membros
                    de um mesmo grupo e não demanda altos investimentos de infraestrutura. Além
                    disso, é uma metodologia exitosa quando se dispõem de profissionais reconhe-
                    cidos por sua excelência acadêmica, como é o caso dos educadores do Marista
                    Centro-Norte.
                    Os conhecimentos partilhados entre os pares são parte constitutiva dos saberes
                    docentes empregados na sua atuação pedagógica. A experiência do outro em rela-
                    ção às atividades com estudantes, o relacionamento com familiares e as próprias
                    dinâmicas institucionais são partilhadas e integram o saber dos professores em
                    seu trabalho (TARDIF, RAYMOND, 2000; TARDIF, 2007).
                    O formato participativo, com metas comuns que se deseja alcançar, também
                    é uma característica da educação entre pares. É uma metodologia na linha da
                    aprendizagem colaborativa, em consonância com os objetivos do programa Vi-
                    vências Formativas. Dessa maneira, são valorizados os espaços de diálogo como
                    ambientes profícuos para a formação docente, prática reconhecida pelo educador
                    Paulo Freire:
                               [...] o diálogo é, em si, criativo e re-criativo. Isto é, em última
                               análise, você está se recriando no diálogo de forma mais ampla
                               do que quando você escreve, solitário, em seu escritório ou em
                               sua pequena biblioteca. [...] Em última análise, dialogar não é só
                               dizer “Bom dia, como vai? ”. O diálogo pertence à natureza do ser
                               humano, enquanto ser de comunicação. O diálogo sela o ato de
                               aprender, que nunca é individual, embora tenha uma dimensão
                               individual. (SHOR, FREIRE, 1986, p.11)
                    Nesse mesmo percurso, o método de Lesson Study ou estudo da aula, é visto como
                    um trabalho colaborativo em que os participantes pesquisam, planejam, ensinam
                    e observam coletivamente uma série de lições, usando discussões contínuas, re-
                    flexões e sugestões para rastrear e refinar suas práticas (HASHIMOTO; TSUBOTA;
                    IKEDA, 2003). Essa metodologia foi concebida por professores e administradores
                    japoneses e difundida em variados contextos.



                                      Diretrizes Para a Formação Continuada Docente  49
   44   45   46   47   48   49   50   51   52   53   54