Page 27 - Ciências da Natureza
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Alguns casos de uso de animais no ensino não geram conhecimentos mais
          eficientes do que aqueles que utilizam de diferentes recursos, o que não justifica
          sua utilização . Outra desvantagem são os custos e os requisitos de biossegurança
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          necessários. O uso de animais ou parte de animais que possam ser adquiridos
          normalmente no comércio (frango, peixe, partes de gado e porcos) não acarreta
          problemas, mas há que se pensar a respeito da relevância do uso desses animais
          ou parte deles nas atividades educacionais. Em todos os casos, é considerado
          o cuidado com os seres humanos em primeiro lugar. A atenção, o respeito e os
          cuidados com os seres vivos devem ser prioridades, adotando-se a postura de não
          utilizar animais com sistema nervoso em experimentos.
          Como alternativa ao uso de animais, encontramos diferentes possibilidades para
          atingir tais conhecimentos, como vídeos, modelos e estruturas 3D, simulação com-
          putacional, realidade virtual, autoexperimentação (experimentação no próprio
          ser humano, como aferir a frequência cardíaca, pressão sanguínea, temperatura
          e frequência respiratória) e o uso de microrganismos e de amostras de vegetais,
          com os devidos cuidados quanto às contaminações. O próprio material didático
          pode fornecer atividades e matérias úteis e que substituem o uso de animais.
          2.2 Resíduos e rejeitos
          Algumas substâncias utilizadas em laboratórios necessitam de descarte especial,
          pois apresentam grande risco de contaminação. Não se deve tomar por conta-
          minante somente os grandes volumes de resíduos, mas também aqueles que
          apresentam alto poder poluente e/ou infectante, mesmo em pequenas quantidades
          despejadas (MONTAGNER, 2017, p.1904).
          Esse descarte irregular acarreta enormes prejuízos à saúde humana, ao meio
          ambiente e ao patrimônio público e privado. Para evitar esses problemas,
          o descarte correto deve ser realizado pelo responsável pela prática ou pelo
          laboratório, que deve ter ciência do tipo de material gerado para sua devida
          disposição (BRASIL, 2010).
          Para  efeito  de  compreensão,  assumimos  as  definições  baseadas  na  Lei  nº
          12.305/2010 (IBIDEM) sobre resíduos e rejeitos:
                      resíduo é qualquer material que ainda pode ser aproveitado de
                      alguma forma, devendo ser tratado antes do descarte nas redes
                      de esgoto e lixo, o que é inviável; já rejeito não tem tratamento
                      porque todas as possibilidades de recuperação foram esgota-
                      das, restando somente o descarte correto.


          2  VAN DER VALK, Jan et al. Alternatives to the use of animals in higher education: The report and recommendations of
            ECVAM workshop 33. Alternatives to Laboratory Animals, v. 27, n. 1, p. 39-52, 1999. Disponível em  <https://www.huma-
            nesociety.org/sites/default/files/docs/dissection-alternatives-studies.pdf> Acesso em: 04 abr. 2021.



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