Page 199 - Diretrizes do Programa Marista Bilíngue - 4ª Edição
P. 199

Esta seção busca refletir de forma prática a respeito do letramento entre
          línguas, trazendo os pressupostos teórico de Soares (2020), que privilegia
          as práticas sociais letradas, assim como alguns insights práticos resultantes
          das experiências trocadas entre docentes do PMB. Além de reflexões sobre
          possíveis abordagens metodológicas.
          O conceito de Letramento carrega em sua história uma variedade de des-
          dobramentos teóricos, portanto cabe esclarecer a vinculação aos eixos es-
          truturantes da Matriz Marista de Linguagens e Suas Tecnologias (2021),
          que enfatizam a Comunicação e Interação, a Investigação, Conhecimento e
          Diversidade Sociocultural. Nesse sentido, as interfaces de fazeres do letra-
          mento a respeito do tema fundamentam-se nos estudos de Letramento em
          língua materna relacionados à perspectiva sociolinguística de letramento
          crítico.
          O Programa Marista Bilíngue se debruça sobre a mesma perspectiva, na in-
          tencionalidade de proporcionar o protagonismo crítico do estudante que
          aprecia e respeita a diversidade cultural, posiciona-se empaticamente fren-
          te às diferenças, como cidadão global que visa e constrói a cultura da paz e
          a tolerância no mundo globalizado.

          Soares (2020) define letramento como uma das facetas que envolve toda
          a complexidade do tema, estando para além do ato de decodificar letras,
          palavras, reconhecer fonemas, portanto, não reduzido ao ato de alfabetizar.
          O letramento no Programa Bilíngue apropria-se das práticas sociais que en-
          volvem todo o mundo letrado, o qual se desdobra em múltiplas semioses.
          Considera a criança protagonista como possuidora de um repertório lin-
          guístico único, que se desdobra em mais de uma língua. Aos educadores ca-
          berá a função reflexiva sobre as práticas sociais linguísticas, que privilegiem
          a diversidade cultural e reflexões emancipatórias dialógicas vinculadas ao
          confronto de visões de mundo, provocadoras da criticidade (FREIRE, 2019).

          Ao considerarmos o estudante como detentor de um repertório linguístico
          em que línguas se entrecruzam, compreendemos que os diversos saberes





 Diretrizes do Programa Marista Bilíngue  199                     4ª Edição 199
   194   195   196   197   198   199   200   201   202   203   204