Foto: arquivo pessoal

Meu nome é Fátima Rodrigues, natural de Francisco Badaró, Vale do Jequitinhonha, filha de camponeses, agradecida por ter nascido na família que tenho. Foi lá que aprendi com os meus a tecer a vida como se teciam os fios multicores no tear. Foi lá que descobri que há um tempo para plantar, regar e colher. Aprendi que não se apressa Deus…que o tempo Dele nem sempre coincide com o nosso, mas que é com Ele que estão as respostas para todas as nossas dúvidas, especialmente quando não se espera de braços cruzados.

Muito cedo tornei-me catequista, por influência de minha mãe (liderança de uma comunidade rural). Aos 15 anos, assumi uma sala de aula multisseriada, pois não cabiam em meus projetos e sonhos deixar crianças e adolescentes sem, no mínimo, serem alfabetizados. Encantei-me com a possibilidade de transformar vidas através da educação e creio que, nesse momento, eu realmente disse: “Eis-me aqui”.

Aos 20 anos, decidi radicalizar o seguimento a Jesus Cristo, consagrando-me como Filha da Caridade, vivendo fielmente a proposta do carisma: “Serviço aos pobres, nossos senhores e mestres”, segundo São Vicente de Paulo, por 17 anos. Sempre me coloquei no colo de Deus com a súplica: “Ó OLEIRO DIVINO, CRIADOR E PAI, permita que se cumpra em mim a obra que começaste”. Nunca perguntei a Ele como, mas confiei nos seus desígnios, na certeza que sempre fui e sou amorosamente conduzida por Ele.

Eis os Maristas

Conheci alguns jovens Irmãos por intermédio da Conferência dos Religiosos do Brasil, regional de Belo Horizonte. Com isso, surgiu um espaço de acolhimento, de partilha de vida, de assessorias, de trocas de experiências e até de amizades, conduzindo a uma convivência fraterna e aproximação do carisma Marista.

Após alguns anos de doação e realização, em 2015, em plena sintonia com o Divino Oleiro, busquei um novo projeto de vida: continuar o seguimento de Jesus Cristo como leiga. Dentre algumas possibilidades de caminhada, eis que o Marista me acolheu e eu o acolhi, não apenas pelo trabalho proposto, mas, especialmente, porque aquele trabalho me proporcionaria a continuidade de uma missão: desenvolvimento de um projeto social com jovens aprendizes, oriundos das periferias de Macaé, região metropolitana do Rio de Janeiro, no Centro Marista Jovem Montaigne de Macaé.

Lá compreendi que são muitos os rostos do jovem Montaigne e que Champagnat caminhava conosco por cada beco e viela, em cada luta empreendida na defesa daquele grupo, parte de uma minoria à margem de uma sociedade desumanizada. Desisti de perguntar o porquê e me empenhei em compreender o para quê Ele me chamava.

Após um significativo caminho, fui convidada a novos desafios: empreender com o mesmo entusiasmo e ardor o sonho de Champagnat em terras Norte-mineiras, no Colégio Marista São José de Montes Claros.

Aqui estou, agradecida por ser parte desta família que me desafia diariamente na missão de tornar Jesus Cristo conhecido e amado. Estou certa de que nosso fundador, a exemplo de Jesus, descobriu a miséria de seu tempo e soube reagir. A resposta que São Marcelino deu é o próprio Instituto Marista que, há mais de duzentos anos, empenha-se em ser fiel à vocação e à missão recebidas. E nós, leigos (as) e Irmãos, sabemos que a resposta do Instituto de hoje e do futuro adquire suas raízes em nossa fidelidade cotidiana.

Grata por todo bem que o Marista me tem feito, a Deus rendo graças.

Fátima Rodrigues

Diretora-geral – Colégio Marista São José – Montes Claros (MG)

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