Foto: divulgação

                Nunca duvidei do caminho que Deus traçou para mim…!

Desde pequenino, Ir. Antonio Carlos Machado Ramalho de Azevedo – mais conhecido como Ir. Ramalho, frequentava a Igreja. Mas não era qualquer lugar, era a Catedral de Maceió (AL), onde participou de muitos momentos de celebração e festa. A fé “vinha de casa”, dizia ele, e, quando entrou no Colégio Marista Maceió (antigo Diocesano), deixou-se cativar pelo estilo de vida dos religiosos Irmãos e pela educação. Daí, para entrar Juvenato de Apipucos, foi questão de tempo – pouco tempo, pois, aos 14 anos entrou para a casa de formação.

Da casa de formação para a profissão dos votos perpétuos muito se passou, mas Ir. Ramalho jamais duvidou do caminho que Deus preparou para ele. Tanto que exerceu vários cargos na Instituição, passando por professor, coordenador, provincial, conselheiro provincial e conselheiro-geral do Instituto. Ele afirma que todas as funções delegadas a ele abriram largos campos de experiência tanto nos vários espaços de Igreja, como no mundo das culturas.

Por tudo isso, pôde ver de perto a riqueza e diversidade de encarnações do carisma, e não só dos Irmãos e Leigos (as) Maristas de Champagnat, como também dos três outros ramos Maristas. Atualmente, como conselheiro provincial, do Marista Centro-Norte, ele vê os novos horizontes como uma atualização das intuições e do sonho original de Marcelino. “Por essa razão falamos de um novo La Valla, e isso já está acontecendo!

Quer saber um pouco mais deste Irmão que é pura história? Leia a entrevista abaixo e conheça um pouco de sua história de vida e, por consequência, saiba também a história do Instituto!

1) Irmão Ramalho, a sua trajetória no Instituto Marista diz muito sobre a sua opção de vida desde muito cedo. O senhor pode nos contar um pouco sobre o início desta trajetória? Ter sido aluno Marista (Marista de Maceió) influenciou em sua decisão de viver uma vida religiosa?

Minha vida de fé traz as marcas de casa e da Catedral de Maceió (AL). Morávamos na praça da Catedral, que muito frequentei na minha infância, participando de muitos momentos de celebração e festa, às vezes como acólito, bem como integrando o grupo do catecismo e da cruzada eucarística. Cheguei a pensar no sacerdócio. Quando entrei no Colégio Marista (na época Colégio Diocesano, em prédio anterior ao atual), deixei-me cativar pela proximidade e pelo estilo de vida dos Irmãos, e fui descobrindo também o mundo da educação. Já, aos 14 anos, saía de casa e de minha cidade para ingressar no Juvenato de Apipucos, no Recife (atualmente, conhecido como Juniorato).

2) Em 1969, o senhor professou os votos perpétuos. Como foi o caminho até esta profissão, houve algum momento em que o senhor pensou em desistir, ou sempre soube que queria ser Irmão Marista?

Em 1961, quando entrei no Juvenato, encontrei um ambiente muito favorável à minha formação, caracterizado por uma visão renovada da Igreja e da vida religiosa que antecipava e preparava a abertura do Concílio Vaticano II, a iniciar-se só no ano seguinte. Fiquei fascinado pelas dinâmicas que me levavam a uma experiência de encontro pessoal com Jesus Cristo e a uma leitura vivencial do evangelho. Isso foi se aprofundando nas etapas seguintes de formação. Como professo temporário, vi muitos colegas desistirem da caminhada. Claro que isso mexia comigo, mas nunca duvidei de que o caminho de Deus para a minha vida era ser religioso irmão, seguindo o carisma marista legado por Champagnat.

3) O senhor já exerceu vários cargos na Instituição – professor, coordenador de pastoral e provincial. Em 2001, o senhor foi eleito Conselheiro Geral do Instituto, ficando no cargo por dois mandatos consecutivos. Como foi esta experiência internacional e tão abrangente? É um outro olhar que se tem da Instituição Marista?

Sinto-me muito privilegiado pelas várias funções de serviço que me foram confiadas e que me abriram largos horizontes de experiência, tanto nos vários espaços de Igreja (especialmente CRB, CLAR e Taizé) como no mundo das culturas. Os 16 anos no Governo Geral me proporcionaram um envolvimento direto com o Instituto nos cinco continentes, podendo tocar de perto a riqueza e diversidade de encarnações do nosso carisma, e não só dos Irmãos e Leigos (as) Maristas de Champagnat, como também dos três outros ramos Maristas.

É muito bonito e estimulante sentir-se em casa e ser tratado imediatamente como Irmão em todos os recantos do mundo, em meio a costumes e línguas completamente diferentes da minha realidade de origem, relativizando fronteiras, inclusive de religião. Fico feliz em poder olhar hoje o mapa múndi e reconhecer, não somente lugares e países, mas igualmente rostos e experiências de missão marista, muitas delas de grande radicalidade e até heroísmo. Meu olhar é de carinho, gratidão e compromisso para com essa família global que é a nossa.

4) Atualmente, o senhor é conselheiro provincial do Marista Brasil Centro-Norte – e o que isso significa ao senhor, neste momento da trajetória marista, depois de ter passado por tantos e diferentes cargos? Qual a bagagem que o senhor traz consigo?

De regresso à Província, passei meu primeiro ano (2018) na comunidade do Postulantado da Maraponga – Fortaleza (CE). Para mim, foi uma bênção: sem assumir nenhuma responsabilidade de coordenação, conviver novamente com jovens formandos, reencontrar-me em contato com uma Escola Marista de grande qualidade educativa e social, envolver-me com a comunidade Champagnat do bairro, estabelecer novos vínculos com uma Igreja local e com a CRB, … Tudo isso me ajudou a me re-situar em minha Província e na nossa região Marista como um todo.

Voltar ao âmbito de governo, no Conselho Provincial, não deixa de ser um desafio: viver essa missão com um coração aberto ao novo, poder partilhar algo da vivência desses últimos anos e não me distanciar da realidade concreta das unidades e do nosso povo. Algo que sempre procurei assegurar durante minhas andanças pelo mundo marista pode me ajudar: o contato com pessoas e situações em realidades precárias e de pobreza. Isso alimenta em nós a sensibilidade para com os mais pobres e pequeninos, preferidos de Deus e de Champagnat

5) Nos 200 anos de Instituto, o XXII Capítulo Geral estará (está) definindo novos horizontes da missão Marista. Quais as expectativas em relação a isso? Serão mais 200 anos de história e missão a cumprir?

Os novos horizontes são e serão uma atualização das intuições e do sonho original de Marcelino. Por essa razão falamos de “um novo La Valla”. Isso já está acontecendo! E continuará, enquanto formos capazes de corresponder aos apelos e projeto de Deus, sendo farol de esperança e construtores de pontes, mesmo através de nossas fragilidades, neste mundo turbulento, neste Brasil turbulento em que vivemos. Unidos e solidários, sejamos o rosto e as mãos da terna misericórdia de Deus, na missão do Reino. Missão para a qual todos somos convocados!

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