Ir. Assis, na missão de educar e evangelizar – legado de São Marcelino Champagnat! Foto: arquivo pessoal

                                             Uma vida encharcada de Maria!

O atual diretor do Colégio Marista de Natal (RN), Ir. José de Assis Elias de Brito, tem uma trajetória completa na Instituição! Foi superior de comunidade, assessor de pastoral, coordenador pedagógico e coordenador de área. Foi, também, conselheiro provincial, por dois mandatos consecutivos, e vice-presidente das mantenedoras UBEE-UNBEC. Atuou em colégios, na União Marista do Brasil (UMBRASIL) e na Comissão Internacional de Missão do Instituto Marista. Para o pedagogo e gestor educacional, esta trajetória não seria possível sem as bençãos de Maria!

Sim, ele afirma que “Ela me plantou em seu jardim particular e tem cuidado para que nada me falte”. Em todas as fases de sua vida ela esteve (está) por perto. Desde a descoberta da vocação, as trajetórias acadêmica e profissional, as relações familiares. Sempre acompanhado de Maria, Ir. Assis (como é conhecido) segue a missão de educar e evangelizar, como uma revolução de fé e esperança, neste mundo globalizado.

Leia a entrevista abaixo e conheça um pouco mais sobre este Irmão, que vive o chamado com autoconfiança, coragem e ousadia!

1) Ir. Assis, o senhor conheceu muito cedo o Mundo Marista, desde quando cursou o 1º ano, do Ensino Médio, no Colégio Marista Pio X, em João Pessoa. Foi aí que surgiu a vocação e a vontade de ser Irmão Marista? Houve algum episódio em que o senhor disse: é por isso que vou ser Irmão?

Minha entrada no Colégio Marista Pio X foi algo não planejado, mas cuidado e guiado por Deus e pela Boa Mãe. Ao concluir o Ensino Fundamental, eu queria encontrar um colégio que me possibilitasse gestar adequadamente o meu tempo, de modo que fosse suficiente para estudar e também trabalhar, fazer algum estágio.

Enquanto procurava o novo colégio, me foi indicado o Marista Pio X. Fui até o colégio e prontamente fui atendido, fiz a avaliação diagnóstica e fui classificado para o ingresso no ano de 1997. E assim aconteceu, em estando na unidade participei de tudo que me foi oferecido, grupo de jovens, líder de turma, orações e outros. No período da Semana Santa, de 1997, fui convidado a participar da Missão Marista de Solidariedade (MMS). Dessa missão participavam alunos e educadores.

Esse foi um acontecimento muito importante de evangelização junto às crianças e jovens do interior da Paraíba. Na volta, fui convidado pelo Ir. Alexandre Lucena Lobo a participar do Grupo Vocacional do colégio. Aceitei e, a partir daí, comecei uma aproximação muito significativa com o Carisma e a Missão Marista.

Outro fator importante, foi conhecer Marcelino Champagnat como um jovem camponês, pobre, mas muito resiliente, ousado e empreendedor. Me identifiquei muito com ele. Passei a ter maior confiança em Deus e em Maria Santíssima e tomei coragem para aceitar fazer a experiência vocacional. Desde o princípio do processo vocacional, descobri uma autoconfiança, uma coragem, uma ousadia que fizeram avançar e dar uma resposta positiva ao chamado que Deus me fez, mesmo não tendo aprovação de minha família. Hoje, sei que foi Deus que me seduziu e eu me deixei seduzir, mesmo que na rebeldia.

2) Após a decisão de ser Irmão, como foram os tempos de discernimento vocacional e das etapas formativas?

Após a minha decisão vocacional, que me levou à Casa de Formação, vivi um tempo desafiador de distanciamento da minha família, pois não aceitaram a minha opção. Mas, por outro lado, ganhei maravilhosos companheiros na formação, a exemplo do Ir. Luís André da Silva e James Pinheiros, que foram Irmãos muito presentes e significativos em minha vida.

Na vivência das etapas da formação inicial, Jesus, Maria e Champagnat sempre cuidaram muito de mim para que nada me faltasse. Tive Irmãos formadores excepcionais, fraternos, cuidadosos e muito respeitosos com meu processo vocacional, verdadeiros homens de fé. Preciso também destacar as comunidades e paróquias, povo de Deus, sempre cuidadosos e empenhados em contribuir com a minha perseverança.

Durante a vivência das etapas iniciais, os meus provinciais e formadores sempre me desafiaram muito. Desta forma, tive muitas oportunidades de crescimento pelo testemunho dos Irmãos, por meio de cursos diversos e também pelas experiências pastorais nas comunidades e paróquias, obras sociais e escolas privadas e públicas, e isso contribuiu muito para formar a pessoa que sou hoje, sem perder minhas raízes.

3) O senhor cita no livro Simplesmente Irmãos! que as Marias sempre o acompanharam, em todas as fases e momentos da vida. Pode nos contar um pouco sobre esta fé mariana? Algum episódio, algum relato especial em que Maria esteve (está) ao seu lado?

Verdade, Maria me acompanha desde sempre, Ela me plantou em seu jardim particular e tem cuidado para que nada me falte. E a cada dia, tenho me conscientizado disso. O primeiro momento forte foi em minha entrada na formação inicial, em 1999, quando entrei para a vida religiosa e não obtive, naquele momento, o apoio de meus pais. Foi a primeira decisão que tomei por iniciativa própria. Jesus e Maria foram os companheiros e anjos daquele momento que fizeram perseverar com coragem, nunca pensei em desistir.

Um outro momento muito significativo foi quando eu estava no Noviciado, em 2002, quando minha família foi acometida por uma situação de violência muito grande e minha mãe foi fortemente ferida. Esse foi um dos maiores desafios que vivi. Queria muito estar perto dela e não podia, pois estava vivendo o ano canônico do noviciado, de modo que não podia me ausentar.

Novamente, fui consolado e sustentado para não cair na tentação de desistir. Rezei muito, conversei muito com os formadores e tive um suporte muito grande dos meus companheiros de caminhada. Maria sempre esteve lá, presente e atuante, desde a minha infância, nas orações de minha família e, por onde passei, Ela sempre se mostrou presente em suas diversas faces e cuidados.

4) Nos conte um pouco da sua trajetória marista até o senhor chegar na unidade da Natal, na qual é diretor.

Os anos de formação inicial foram muito significativos, pois me ajudaram muito a avançar em meu itinerário de fortalecimento da fé cristã e também me fizeram conhecer melhor o Carisma Marista e o fundador, Marcelino Champagnat, de modo que passei a admirá-lo ainda mais por sua fé em Deus e confiança em Maria, e, também, por sua audácia e criatividade diante dos desafios da vida.

Cursei Teologia no Instituto Santo Tomás de Aquino (ISTA) e, em seguida, fui transferido para a minha primeira experiência de comunidade marista, em Iguatu (CE), para atuação na Paróquia e também na Obra Social São Marcelino, hoje Escola Marista de Iguatu. Foi uma linda experiência de fraternidade. Lá, São Marcelino divide os altares com o Padre Cícero e a Boa Mãe, uma linda página de minha vida. Destaco a presença do Ir. Antonio Holanda, um santo com quem tive a oportunidade de conviver nesse período e que amo de coração!

Em seguida, fui transferido para Taguatinga (DF), onde fui catequista, superior da comunidade, assessor de pastoral, coordenador pedagógico e diretor do Colégio Marista Champagnat. Também fui coordenador da área de Vida Consagrada e da área de Missão, da União Marista do Brasil (UMBRASIL), membro da Rede de Espiritualidade das Américas, membro da Comissão Internacional de Missão do Instituto Marista, conselheiro provincial por dois mandatos consecutivos (2013-2018) e vice-presidente das mantenedoras UBEE-UNBEC.

Cursei Pedagogia e Gestão Educacional, na Universidade Católica de Brasília (UCB), e Metodologia Catequética, pelo Centro Salesiano de São Paulo (UNISAL – PIO XI). Cursei, também, Escola em Pastoral e Ensino Religioso, pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR); e pós-graduação em Teologia da Vida Religiosa, pela Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana.

Em 2016, fui nomeado diretor do Colégio Marista de Natal, onde, com satisfação e alegria, permaneço. Sou muito grato aos meus Irmãos pela confiança em mim depositada, desde os primeiros anos de minha caminhada vocacional. Me considero um privilegiado por ter tido tantas oportunidades de crescimento humano, cristão e técnico. Esses tempos sempre foram de muito trabalho, dedicação e muito crescimento.

5) À frente do Colégio Marista de Natal (RN), como o senhor vê a missão de educar e evangelizar tantas crianças, adolescentes e jovens? O que isso representa para o senhor? Qual a mensagem que o senhor gostaria de passar para os “seus” estudantes?

Educar e evangelizar hoje é uma missão, uma revolução de fé e esperança ao mesmo tempo, dado que as pessoas são seres de possibilidades e sofrem constantes influências do mundo que, por hora, é exageradamente capitalista e globalizado e que prega algumas atitudes individualistas e egoístas que, em muitos casos, depõe contra os valores humanos e cristãos que acreditamos.

Desse modo, acreditar no ser humano e em sua capacidade de amar, acolher, ser generoso, empático, respeitoso, ético me faz ser um entusiasta da educação marista. Aos estudantes eu deixo a seguinte mensagem: deixem-se moldar pelo Senhor, façam-se verdadeiramente à sua imagem e semelhança por meio de suas atitudes, opções e gestos. Testemunhem o Senhor onde quer que estejam, sendo gente de bem, bom cristão e virtuoso cidadão.

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