Foto: arquivo pessoal

Chamo-me José Braga, mais conhecido pelo meu sobrenome. Sou alencarino, torcedor do tricolor Fortaleza e ex-aluno de vida toda do Colégio Cearense, de 1987 a 1998. Hoje, baiano de coração, simpático ao rubro-negro Esporte Clube Vitória, casado, pai de dois meninos lindos, colaborador marista desde 2006, e atual coordenador de Pastoral, do Colégio Marista Patamares, em Salvador (BA).

Uma identidade cumulativa, notem.

Hoje, no curso do Ano Nacional do Laicato, posso abrir a boca e dizer “sou leigo marista”. Mas ninguém nasce marista. Nem se torna marista por geração espontânea. Nem Champagnat nasceu marista. Deve haver um tempo, uma experiência, uma tomada de decisão que torna nítida a experiência de identificação: uma antes e uma depois. Para Marcelino, o encontro com o jovem Montagne foi um divisor de águas. Na sua vida, e na nossa. Nesse dia, graças a Jean Baptiste, Champagnat imprimiu, para toda a eternidade, um novo rosto mariano à Igreja. Através dos Maristas, Irmãos, Leigas e Leigos deu-se à Igreja um DNA inédito, e isto impulsiona nosso “ser-a-serviço” nos cinco continentes. Aquece o coração daqueles que aqui estudam, trabalham, se relacionam, vivem.

Ser Leigo Marista me ficou mais claro com a oportunidade de vivenciar as experiências dos encontros Ciranda, Teia, Estrela. Num deles, acho que o Ciranda, em 2011, estivemos dois dias e meio na belíssima ilha de Itamaracá (PE). Foi daqueles encontros que trataram do essencial: conversar sobre quem somos e o que queremos. Sem tantas induções de metodologia e planejamento, importantíssimas, mas capazes de ofuscar intuições vocacionais originais. Afinal de contas, só quem sabe quem é, saberá o que quer. E isso vale tanto para indivíduos como para instituições. Éramos vinte. Dois irmãos, Ir. Rafael assessorando, e dezoito leigos de caminhada marista. Estivemos os convocados do Norte-Nordeste que, no entender da Província, eram capazes de disparar um processo sem volta no Instituto: a Missão compartilhada de Irmãos, Leigas e Leigos, sob inspiração de São Marcelino Champagnat, nosso fundador.

Em outro, acredito que o Estrela, em 2013, no Retiro Marista (REMAR), em Ribeirão das Neves (MG), assessorados por Ir. Wagner, experimentei uma quase revelação. Por que me havia tornado educador? Foi algo tão forte que extravasei emocionalmente. Chorei demais.  Neste encontro, rompeu, do meu inconsciente, uma profunda conexão com minha mãe, pedagoga, educadora de mão cheia, mas que, depressiva, nunca deslanchou na profissão. A vida lhe foi muito dura e, de alguma forma, caminhei na vida para que ela se sentisse representada em mim. Algo parecido na trajetória de meu irmão mais novo, inclusive. De fato, os dois nos tornamos professores.

Uma história de futuro

Não trato de publicar, aqui, tudo que vi, ouvi, falei e aprendi nestas cirandas, teias e estrelas maristas, mas de refletir fragmentos de quem era, fui e sou. Até hoje, talvez esses encontros kairológicos tenham sido minhas melhores oportunidades de reler e expressar, a quem de direito, tudo de benfazejo e de doloroso que me proporcionou a vida nessa caminhada junto aos Irmãos. Sem dúvida, dores e alegrias essenciais para temperar minha identidade, do alto dos meus 37 anos.

Cônscio de meu protagonismo de leigo, sujeito eclesial e marista, faço um cálculo rápido, 12 (de aluno) + 12 (de colaborador) = 24, já constato que mais da metade da vida estive envolvido nesta história. E que história! Daquelas que superam seus protagonistas, pois nunca terminam, diria o Ir. Emili Turú. Identificar Leigas e Leigos, de maneira formal e institucional, como genuinamente maristas é “re-conhecer” o próprio carisma. É permitir que grandes histórias, como a iniciada com Marcelino, se perpetuem para além de seus personagens: Irmãos, Leigas e Leigos.

Que a vida siga nos cumulando de bênçãos e ampliando nossas identidades de Irmãos, Leigas e Leigos para realização do Reino de Deus, desde já, na Igreja e na Sociedade. Por intercessão de São Marcelino Champagnat e da Boa Mãe. Amém.

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José Braga

Coordenador de Pastoral – Colégio Marista Patamares (Salvador / BA)

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