Caminhando com Deus!
Ir. Luiz André da Silva Pereira
Desde muito cedo, Ir. Luiz André foi educado na fé, ou pela fé. Dona Moça, como era conhecida a sua avó paterna, foi a grande incentivadora do Irmão, em suas experiências religiosas. E, assim, ele seguiu no caminho, até encontrar os Irmãos Maristas e mergulhar na vida comunitária da Congregação. Conheceu, também, a história de vida do Pe. Champagant, e foi aí que se apaixonou definitivamente – como ele mesmo declara.
De 1999, ano em que entrou para a Congregação dos Irmãos Maristas, pra cá, Ir. Luiz André já passou por diversos locais e cargos, e muito contribuiu para a Missão Marista. Em sua trajetória, percebeu a presença de Deus em todos os momentos, caminhando ao seu lado, partilhando e aquecendo o seu coração, e muitas aprendizagens ficaram pelo caminho. E ele continua aprendendo: está ressignificando experiências e vivências nesta pandemia. Quer saber como ele faz? Acompanhe a entrevista abaixo e conheça um pouco mais sobre este Irmão, que vive, intensamente, os valores do Evangelho!
1. Ir. Luiz André, pode nos contar como começou a sua história com os Maristas?
Nasci em uma cidade, no interior de Pernambuco, em Limoeiro, entre o Rio Capibaribe e à sombra da Igreja de Nossa Senhora da Apresentação. Sou filho mais velho de Risoleide da Silva Pereira e Jorge Luiz Pereira, e tenho uma irmã chamada Carine Gabrielle. Na minha família, tive uma forte formação religiosa, marcada por uma vivência eclesial. Desde pequeno, pude participar das experiências na Igreja, e aqui ressalto a presença da minha avó paterna, Maria José (Dona Moça), que foi minha grande incentivadora no processo de educação na fé.
Na minha paróquia fui coroinha – catequizando e depois catequista, participei do grupo de jovens e essas experiências pastorais, junto com minha formação no colégio das irmãs, Colégio Regina Coeli, trouxeram-me o horizonte vocacional. Eu sentia o desejo de seguir a Jesus Cristo, isso me tocava, isso me chamava atenção, mas aquela dinâmica de vida dos padres era algo que não me encantava.
No contato com a Irmãs Franciscanas de Maristela, a vida religiosa me saltou aos olhos: a superiora da comunidade, a Ir. Apolônia tinha um tio que foi Irmão Marista, Ir. Onésimo, e ela me apresentou aos maristas; em seguida, comecei a participar do grupo vocacional, coordenado pela Irmã Sueli – foi aí que comecei a ter o primeiro contato com o Ir. Marisaldo, hoje padre. Iniciei no grupo vocacional marista, que acontecia uma vez por semana, ia ao Colégio Marista de Surubim (PE), uma cidade próxima a Limoeiro, e lá tive contato com a primeira comunidade dos Irmãos Maristas.
2. E esta história o levou a ser Irmão Marista, certo? Como teve esta certeza, o que o levou a querer entrar na Congregação, e dar continuidade à obra de Champagnat?
Além de todo processo vocacional, marcado pelos encontros locais e provincial, teve um fato que me marcou profundamente. No meu município, por ser cidade pólo, no interior de Pernambuco, acontecem os jogos escolares da região, e o Colégio Marista de Surubim foi jogar na minha cidade e eu estava acompanhando os jogos na quadra; vi pela primeira vez um Irmão Marista, o Ir. Gerson – ele no meio dos jovens, com alegria, com entusiasmo e aquela cena me confirmou que era aquilo que eu queria viver enquanto vocação, ser um apóstolo das crianças e das juventudes. E, ao mergulhar na vida comunitária dos Irmãos e ao conhecer a vida do Pe. Champagnat, me apaixonei definitivamente.
3. Quais foram os passos do senhor dentro da Instituição até o momento, ou seja, até chegar na direção do Colégio Marista do Araçagy, por onde passou, em que cargos atuou?
Entrei na Congregação em 1999, ano da canonização do nosso Pai Fundador – éramos 12 rapazes que começávamos a nossa caminhada vocacional. Passei por Nísia Floresta; depois fui morar em Juvenópolis (AL) – num internato que acolhia crianças e adolescentes, em situação de vulnerabilidade social; logo em seguida, fui morar no Colégio Marista de Natal (RN), onde fiz meu Postulantado, e, nesta experiência, ao mesmo tempo que trabalhava na pastoral da unidade, dava aulas para os alunos de Ensino Religioso. Seguindo na caminhada, fiz meu Noviciado em Fortaleza (CE), fiz os primeiros votos, e, posteriormente, estive no Juniorato, fazendo Teologia Pastoral, em Belo Horizonte (MG).
Logo, iniciei minha vida apostólica nas comunidades, passei por Colatina (ES), Araçagy (MA), Taguatinga (DF), San Lorenzo de El Escorial – Espanha, Teresina (PI) e Maceió (AL). Minha missão no Apostolado sempre foi muito ligada à evangelização, trabalhei em algumas equipes de Pastoral, assumi algumas coordenações na área de Pastoral nos colégios, fruto dessa experiência, e tive a oportunidade de participar, em nível de América, da Coordenação de Evangelização das Américas, uma comissão que pensava todo o processo de evangelização do continente americano marista.
Em seguida, a convite do Ir. Emili Turú, superior-geral à época, fui convidado a integrar a Comissão Internacional da Pastoral Juvenil Marista, equipe que iria desenhar e implementar os alinhamentos da pastoral em todo mundo marista; essa Comissão estava ligada ao Governo Geral, em Roma.
Ao mesmo tempo, trabalhei na Coordenação de Evangelização, na Província Marista Brasil Centro-Norte. Na gestão, ampliamos as Missões Maristas de Solidariedade para todas unidades, implantamos a Infância Missionária, Sementes Maristas, e criamos a Semana Champagnat, que até então não existia, oficialmente, nas escolas – foi um momento de muita sistematização e implantação na Província Marista Brasil Centro-Norte.
Tive a oportunidade de ser assessor da direção nas gestões dos Ir. Inácio Ferreira Dantas e Ir. Humberto Gondim, e depois fui convidado a assumir esta missão aqui em Araçagy, como diretor da unidade.
4. Como o senhor vê esta trajetória, quais os aprendizados, os desafios, e as esperanças pelos caminhos nos quais passou?
Para falar desta experiência de aprendizagem, gostaria de trazer a imagem dos discípulos de Emaús, porque, verdadeiramente, ao longo da minha trajetória, percebi a presença de Deus em minha vida, caminhando comigo, partilhando, escutando, aquecendo o meu coração.
Muitas aprendizagens pude colher ao longo dessa trajetória dentro da nossa Congregação: saber respeitar as diferenças; cultivar uma espiritualidade capaz de responder aos apelos desse mundo atual; desenvolver habilidades e competências para lidar e fazer os enfrentamentos diante de todos os desafios que me foram apresentados, e, acima de tudo, não perder o foco e o horizonte no seguimento a Jesus Cristo, que, para mim, foram questões determinantes nessa minha trajetória.
5. Para finalizar, qual a mensagem a ser deixada nestes tempos de pandemia e o que esperar o futuro? Nos tornamos (tornaremos) melhores, após tudo isso? Esta esperança faz parte dos ensinamentos deixados por Champagnat?
Neste período que estamos vivendo, na verdade somos convidados a ressignificar muitas experiências e vivências. Costumo dizer que, como maristas, somos chamados a sermos portadores de esperança e, acima de tudo, despertar nas pessoas o que há de melhor. Assim, como a cruz de Jesus Cristo, que traduz o sofrimento, tristeza e angústia, a pandemia não é fim, a pandemia é meio de ressignificar as relações de compreender e intensificar os valores evangélicos. A pandemia, para mim, nunca será fim, mas um meio da humanidade se reencontrar com os valores do evangelho.