Luciene Rocha, de azul (ao centro), com o grupo da Missão Marista de Solidariedade – Foto: arquivo pessoal

Meu nome é Luciene Bontempo Rocha de Oliveira, tenho 57anos, sou mineira, nascida na cidade de Araxá, casada há 36 anos, com o Fábio Luiz, mãe de três lindos filhos, Ana Maria (29 anos), Luciana (27anos) e Matheus (26 anos). Trabalho no Marista de Uberaba. Tenho muito orgulho de participar dessa família, servindo à missão de evangelizar, educando do jeito de Champagnat, com a proteção de nossa Boa Mãe.

A vida nos conduz a caminhos que nem sempre imaginamos. No ano de 2000, fui convidada pela então diretora do Colégio Marista, Silvana Elias, para conhecer o trabalho que estava sendo realizado, aos sábados, nessa Instituição, com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, em parceria com alguns professores. Fiquei encantada com o trabalho e logo me ofereci para ser voluntária.

A chegada ao Marista

A coordenadora expôs as necessidades que o projeto tinha naquele momento. Em decorrência da grande demanda, foi necessário sistematizar o atendimento. Alugou-se uma   casa, próxima ao Colégio, onde organizou-se uma equipe multiprofissional. Entre as necessidades apontadas, estavam precisando de alguém para acompanhar os educandos em tratamento de saúde, em consultas médicas, exames laboratoriais e tratamento odontológico. Iniciei meu trabalho voluntário, levando as crianças e os adolescentes para esses atendimentos.

No começo, acontecia de agendarmos as consultas e as crianças não comparecerem, e muitos, quando iam, não sabiam informar nem as idades e outras informações primárias. Com as orientações da coordenadora, fui entendendo as condições de cada educando e suas famílias, os porquês dos comportamentos. Assim, fomos construindo uma relação de confiança e muito respeito. Neste período, comparecia à Unidade duas vezes por semana. Com o passar do tempo, meu encantamento pela missão e pelo carisma marista, presentes na Casa, fez com que me envolvesse em outras demandas e, cada vez, mais fortalecendo o vínculo com as crianças, adolescentes, equipe e familiares. E assim, minha presença na casa passou a ser quase que diária.

No primeiro ano de trabalho, a Casa da Acolhida Marista de Uberaba fechou o ano com a maioria deles já sendo atendidos por pediatra, cardiologista, oftalmologista, ortopedista, incluindo exames laboratoriais de baixa complexidade. Dois receberam implante dentário.

Novos desafios

No ano seguinte, aconteceu a abertura de uma vaga, na Unidade, para auxiliar administrativo e fui consultada se tinha interesse em participar. Fiquei tão feliz, que a alegria não cabia dentro de meu peito. Os apelos da missão marista, sonhados por Champagnat, iam ao encontro dos meus anseios pessoais, e me fizeram buscar cursos à noite para me capacitar para ocupar outra vaga. Naquele momento, tive que vencer alguns desafios, profissionalizar-me para me adequar aos critérios exigidos pelo cargo. E, finalmente, consegui o tão almejado cargo de auxiliar administrativo.

No cotidiano do trabalho, nos intervalos de almoço, muitas crianças e adolescentes ficavam na sala contando o que havia acontecido na escola, pediam ajuda nas tarefas. Entre os educandos, tinham dois que gostavam muito de cozinhar. Fizemos cursos de chocolate e massas. Lembro-me de como essa experiência foi enriquecedora para todos nós.

Atentos às rodas de conversas com os educandos, foi inserido o Álbum do Mérito, com o intuito de fecharmos combinados, promover o empoderamento e a responsabilização pelas escolhas feitas, valorizando as virtudes, as conquistas. Isso fez com que as mudanças de comportamentos se tornassem visíveis e crescentes.

Tínhamos assembleias semanais, para avaliarmos as conquistas do dinheiro (fictício) para compras nos brechós (roupas, sapatos, bijuterias e outros materiais, frutos de doações) e, também, para gastar com a família na festa junina, idas ao Retiro Marista e outros passeios.

Em 2004, veio um novo desafio. Com a saída de uma educadora, fui convidada a assumir a função. Encorajada pelo psicólogo e pela coordenação, prestei vestibular para Pedagogia. Muito bom! Mudança de função, de olhar, aprendendo a observar, ficar mais atenta aos detalhes, o vínculo cada vez mais fortalecido com os educandos. Era nítido que cada educador se despia dos egos, e se atentava aos ecos vindo dos estudantes. Nossa atenção maior sempre foi o cuidado de cada um, o que consolidava na casa um espírito de família.

Clique aqui e leia o depoimento na íntegra.

Luciene Bontempo Rocha de Oliveira

Coordenadora de Pastoral – Colégio Marista Diocesano – Uberaba (MG)

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